Pedido de visto para estrangeiro é recorde

Autor: Da Redação,
terça-feira, 24/08/2010
Petrobras investe na formação de profissionais e espera que, até o final do ano, 18 mil pessoas sejam formadas

O crescimento da economia brasileira tem sido atrativo não só para o mercado de trabalho nacional, mas também para os estrangeiros, que têm vindo ao país atrás de emprego.

No primeiro semestre deste ano, 22.188 estrangeiros pediram visto de trabalho no Brasil, 3.519 a mais do que em igual período do ano passado. O resultado é o maior da história para o período, segundo informações concedidas ao R7 por Carlos Lupi, ministro do Trabalho. Ele prevê que, até o final do ano, a tendência é de que mais gente venha do exterior para trabalhar no Brasil, registrando outro recorde.

A vinda de estrangeiros para o Brasil não elimina postos de trabalho para os próprios brasileiros, mas a falta de especialização ainda é um gargalo para o crescimento econômico, de acordo com o ministro.

- Falta mão de obra em alguns setores, principalmente no setor de ponta [tecnologia]. Falta especialização. E vamos demorar a superar esse gargalo. Se mantivermos o ritmo de crescimento como está, é coisa para daqui a 15 ou 20 anos. Você não forma uma geração em quatro anos de estudo. Isso é um processo.

Ao analisar o tipo de trabalho que os estrangeiros vêm fazer no Brasil, percebe-se que o interesse não está realmente em tirar mercado dos brasileiros, mas sim no potencial econômico do país.

Na comparação com 2009, o número de administradores, diretores, gerentes e executivos em geral cresceu 40,51% desde o início do ano. O dado reflete uma política de empresas multinacionais que veem no Brasil uma boa oportunidade de investimento e geração de lucros. Com um mercado consumidor extremamente aquecido, esses profissionais vêm ao país para verificar de perto como andam suas linhas de produção.

Em termos absolutos, contudo, o setor que continua emitindo cada vez mais vistos de trabalho para estrangeiros é o de petróleo e gás. São 8.244 pedidos, 1.574 a mais que no primeiro semestre do ano passado e 2.899 acima do registrado no mesmo período de 2008. O ministro Carlos Lupi projeta que, até o final do ano, o número deve dobrar.

- A tendência é dobrar, porque isso é só o primeiro semestre e não tem sazonalidade no setor. A área de petróleo e gás é de muita especificidade, de muita tecnicidade, e todos esses que têm contrato com a Petrobras são ligados a empresas multinacionais. Elas mandam os seus experts para fazer o acompanhamento da produção. Eles têm direito a isso, é natural quando você é sócio de um investimento.

Investimentos na área de petróleo

Para entender melhor o que acontece com o setor, com a descoberta de novas tecnologias e, principalmente, do pré-sal, os investimentos na área de petróleo e gás devem superar os R$ 190 bilhões até 2014. Essa montanha de dinheiro demanda projetos cada vez mais especializados e, portanto, trabalhadores que saibam operar as máquinas utilizadas na exploração e produção de combustíveis.

Dos 8.244 vistos de trabalho emitidos em todo o Brasil para o setor de petróleo e gás, 7.826 foram para o Rio de Janeiro. Isso significa que 95% dos estrangeiros estão envolvidos em projetos relacionados a refinarias, plataformas de petróleo e estaleiros. A maior contratante, mesmo que indiretamente, é a Petrobras.

Lupi afirma que esse número deve crescer ainda mais nos próximos dez anos, com a geração de 200 mil empregos apenas no Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), em Itaboraí. Para absorver pelo menos parte dessa demanda, a Petrobras vem investindo na formação profissional pelo Prominp (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural). A expectativa da empresa é a de que 18 mil pessoas sejam formadas pelo programa até o final do ano.

Ainda assim, sobram oportunidades para todos os outros setores. Lupi acredita que, nos próximos dez anos, a população de Itaboraí deverá dobrar de tamanho.

- O problema da região é que é uma fartura. ‘Farta’ tudo. Se não tiver um direcionamento para qualificação profissional, vai ser um caos. A previsão que se faz, na região de Itaboraí, São Gonçalo e Niterói, é de pelo menos 50 novos hotéis. Então precisamos de gente não apenas para trabalhar em petróleo e gás, mas também para trabalhar em restaurantes, para construir casa para essa gente.

O Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) também oferece cursos de qualificação para diversas áreas, assim como o próprio Ministério do Trabalho, como afirma Lupi.

- Estamos formando uma turma de 7.000 jovens em tecnologia da informação. Só em beneficiados do Bolsa Família, estamos fazendo mais de 25 mil qualificações nas áreas de construção civil e turismo. Mesmo com tudo isso, ainda é pouco. É um investimento que a própria pessoa tem de ter consciência de que é necessário para seu futuro profissional.