Tribunal de contas vê irregularidades em previdência dos servidores do Rio

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 09/02/2017

NICOLA PAMPLONA

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O TCE (Tribunal de Contas do Estado do Rio) identificou irregularidades que teriam contribuído para agravar o rombo do Rioprevidência, fundo de pensão dos servidores do Estado.

O fundo tem um rombo de R$ 10,5 bilhões, que representa a diferença entre a arrecadação e a dívida estimada com o pagamento dos benefícios.

O deficit teve peso relevante no rombo das contas estaduais em 2016, que chegou a R$ 17 bilhões -para 2017, o orçamento prevê um buraco de R$ 19,5 bilhões.

Relatório elaborado pelo gabinete do conselheiro do TCE-RJ José Gomes Graciosa e divulgado nesta quinta-feira (9) questiona medida tomadas pela gestão do Rioprevidência, que teriam contribuído para agravar a situação financeira do fundo.

Entre elas, a tomada de empréstimos bilionários com Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil usando como garantia recursos que seriam destinados à previdência e a contratação, sem critérios específicos, de instituições privadas para gerir a emissão de dívida no exterior.

Com Caixa e BB foram tomados R$ 3,3 bilhões, garantidos pela receita futura com royalties do petróleo, uma das principais fontes de receita da previdência estadual.

Para captar recursos no exterior, diz o relatório, o governo criou duas empresas, a Rio Oil Finance Trust e a Rio Petróleo S.A. e contratou a brasileira Planner Trustee Distribuidora de Títulos e Valores Imobiliários Ltda, e da norte-americana National Wilmington Trust.

"O TCE não identificou até o momento e quer saber quais foram os critérios técnicos, legais e isonômicos adotados na seleção dos representantes das empresas criadas pelo governo. Também não há informações sobre quem seriam os responsáveis pela contratação do National Wilmington Trust", diz o órgão.

Além disso, diz o TCE, renegociações de dívida resultaram em modificações contratuais que também teriam contribuído para desequilibrar as finanças do fundo.

A "quebra de contrato", como chama o órgão, teria resultado no pagamento de R$ 2,9 bilhões a mais em juros da dívida.

O TCE diz que notificou o ex-governador Sérgio Cabral e seu sucessor, Luiz Fernando Pezão, o ex-diretor-presidente do Rioprevidência Gustavo Barbosa (atual secretário de Fazenda) e o atual, Reges Moisés dos Santos.

Procurada, Secretaria Estadual da Fazenda não se manifestou até a publicação desta reportagem.