Dólar segue exterior e cai após BC americano manter juros; Bolsa recua

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 02/02/2017

DANIELLE BRANT

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar fechou em baixa nesta quinta-feira (2) e chegou a ser negociado a R$ 3,10 um dia após o Federal Reserve (Fed, banco central americano) decidir manter os juros na faixa entre 0,5% e 0,75% ao ano, sem dar sinais de quando pretende elevar a taxa.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou com queda de 1,03%, para R$ 3,118. O dólar comercial recuou 0,88%, para R$ 3,122. Ambos, na mínima, tocaram R$ 3,109.

O comportamento da moeda americana no Brasil acompanhou a desvalorização do dólar no mundo, após a falta de sinalização do Fed sobre quando pretende elevar a taxa de juros nos EUA. A expectativa dos analistas é que haja três aumentos durante todo o ano. A probabilidade de uma alta no próximo encontro do comitê de política monetária dos EUA, em março, é de aproximadamente um terço.

Entre as 31 principais divisas mundiais, 28 se valorizaram em relação ao dólar nesta sessão. Apenas a libra britânica conseguiu se fortalecer ante a moeda americana.

"O cenário global contribuiu bastante para os movimentos de hoje. Mas também houve contribuições domésticas. A escolha do ministro [Edson] Fachin para a relatoria da Lava Jato indica que não haverá interferência na evolução da operação, segundo ouvimos do mercado", afirma Ignacio Crespo, economista da Guide Investimentos.

"Além disso, a reeleição de Rodrigo Maia na Câmara e o discurso dele falando de reformas reforçam as expectativas de que as tramitações das reformas [da Previdência e trabalhista] vão continuar nos próximos meses", complementa.

Como reflexo da diminuição da percepção de risco do país, o CDS (credit default swap) de cinco anos brasileiro, espécie de seguro contra calote e termômetro de risco, caiu 1,3%, para 242,860 pontos.

Segundo Crespo, a desvalorização do dólar não deve continuar no médio prazo. "Os dados econômicos americanos devem vir mais sólidos e vão fazer o dólar se fortalecer no mundo", diz.

No mercado de juros futuros, os contratos também refletiram a percepção menor de risco no Brasil. Os contratos com vencimento em abril deste ano recuaram de 12,431% para 12,420%. O contrato com vencimento em janeiro de 2018 teve queda de 10,895% para 10,870%, e o contrato com vencimento em janeiro de 2021 passou de 10,670% para 10,590%.

BOLSA

O Ibovespa encerrou o dia com queda de 0,40%, para 64.578 pontos, pressionado pela queda das ações de bancos após o lucro do Bradesco ficar abaixo do esperado. Os papéis da Vale e da Petrobras também pesaram sobre o índice nesta sessão.

O giro financeiro no pregão foi de R$ 7,145 bilhões, acima do volume médio diário no ano, que é de R$ 6,920 bilhões.

As ações preferenciais do Bradesco lideraram as baixas no Ibovespa, com queda de 3,74%. Os papéis ordinários perderam 2,53%. "O resultado negativo do Bradesco contaminou os papéis de outros bancos, com a expectativa que os balanços dos concorrentes venham ruins também", afirma Julio Oliveira, diretor de investimentos da corretora Magliano.

Os papéis do Itaú Unibanco fecharam o dia com queda de 0,29%, enquanto as ações do Banco do Brasil caíram 0,93%. As units -conjunto de ações- do Santander Brasil destoaram e conseguiram fechar em alta de 0,53%.

As ações da Petrobras tombaram pelo segundo dia seguido, afetadas pela queda dos preços do petróleo no exterior. Lá fora, diminuíram as preocupações com um conflito entre EUA e Irã, após a República Islâmica testar um míssil balístico na última quarta-feira. Os papéis preferenciais da estatal caíram 0,87%, para R$ 14,89. As ações ordinárias recuaram 1,36%, para R$ 15,90.

Já os papéis da mineradora Vale fecharam o dia em queda, embora os mercados chineses de commodities continuassem fechados. As ações preferenciais da Vale caíram 2,29%, para R$ 30,67. Os papéis ordinários caíram 0,70%, para R$ 32,66.