ATUALIZADA - Bolsa perde 3,88% com incertezas políticas; dólar sobe 2,5%, a R$ 3,47

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 01/12/2016

EULINA OLIVEIRA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O aumento das incertezas no cenário político fez a Bolsa cair 3,88% nesta quinta-feira (1º), a maior queda percentual em dez meses. O dólar disparou quase 2,5%, para o patamar de R$ 3,47, maior cotação desde junho.

Segundo operadores, investidores começam a ver maiores ameaças ao andamento do ajuste fiscal do governo do presidente Michel Temer.

"Essas incertezas aumentaram nos últimos dias, com possíveis revelações da delação premiada da Odebrecht", afirma Cleber Alessie, operador de câmbio da corretora H.Commcor.

Os investidores estão atentos ainda à repercussão negativa da aprovação, pela Câmara dos Deputados, de uma versão desfigurada do pacote anticorrupção proposto pelo Ministério Público Federal.

"Esse conjunto de notícias ruins vindas de Brasília deixa o mercado nervoso", afirma José Raymundo Faria Júnior, diretor-técnico da Wagner Investimentos.

Também trazem cautela ao mercado as manifestações populares marcadas para o fim de semana contra as mudanças no pacote anticorrupção. Nesta quarta-feira, também houve panelaços em algumas cidades.

O Ibovespa fechou em baixa de 3,88%, aos 59.506,54 pontos. O giro financeiro foi de R$ 11,9 bilhões. Foi a maior queda percentual desde 2 de fevereiro deste ano, quando o índice caiu 4,87%.

As ações preferenciais do Itaú Unibanco caíram 4,51%; Bradesco PN, -5,57%; Bradesco ON, -5,83%; Banco do Brasil ON, -6,59%; e Santander unit, -7,99%. Ainda no setor financeiro, BM&FBovespa recuou 5,35%.

Os papéis do setor financeiro também foram pressionados pela deflagração da 8ª fase da Operação Zelotes da Polícia Federal, que revistou as instalações do Itaú Unibanco. A Zelotes investiga suspeitas de manipulação de julgamentos no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais).

O Itaú Unibanco confirmou que suas instalações foram revistadas pela PF, que buscava documentos relativos a processos tributários do BankBoston.

Depois de subirem cerca de 10% na véspera, as ações da Petrobras chegaram a operar em alta neste pregão, mas inverteram o sinal e caíram 3,50% (PN) e 1,40% (ON).

Os papéis PNA da Vale caíram 0,97% (PNA) e os ON subiram 1,46%.

CÂMBIO E JUROS

A moeda americana à vista fechou em alta de 2,47%, a R$ 3,4765, maior patamar desde junho deste ano; o dólar comercial ganhou 2,42%, a R$ 3,4690.

O real teve a maior desvalorização mundial entre as principais moedas nesta quinta-feira.

Conforme esperado pelo mercado, diante da disparada do dólar, o Banco Central anunciou a volta das intervenções no câmbio. Nesta sexta-feira, haverá a rolagem de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional que vencem em janeiro de 2017, no total de US$ 750 milhões. A operação equivale à venda futura de dólares.

O mercado de juros futuros fechou em forte em alta, um dia após o Banco Central ter reduzido a taxa básica de juros (Selic) em 0,25 ponto percentual, para 13,75% ao ano. Os contratos, principalmente os mais longos, refletiram a valorização do dólar e o aumento do risco político.

O contrato de DI para janeiro de 2017 subiu de 13,599% para 13,632%; o contrato de DI para janeiro de 2018 avançou de 12,060% para 12,260%; e o contrato de DI para janeiro de 2021 acelerou de 11,760% para 12,260%.

O CDS (credit default swap) de cinco anos brasileiro, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, subia 5,22%, aos 312,837 pontos.