Consórcio que administra o Galeão admite substituir Odebrecht

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 17/10/2016

MAELI PRADO

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O grupo asiático Changi Airport, que junto com a Odebrecht Transport e a Infraero faz parte do consórcio RioGaleão, está em conversa com investidores que possam ter interesse em assumir a participação que o braço de transportes da construtora possui no negócio.

A Odebrecht, que enfrenta dificuldades financeiras devido ao seu envolvimento na Operação Lava Jato, possui 60% dos 51% de participação privada no principal aeroporto fluminense -a estatal Infraero possui os 49% restantes.

Em abril, o consórcio deu calote em uma parcela da outorga, de R$ 930 milhões, com vencimento em abril. Após reunião na tarde nesta segunda-feira (17) com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o presidente do RioGaleão, Luiz Rocha, disse que a parcela será paga em dezembro deste ano e que a Changi está conversando com investidores.

"Existe sempre a possibilidade de buscar novos sócios, estamos em conversa já com alguns. A Changi tem participação acionária em outros aeroportos fora de Cingapura, e tem relacionamento com investidores de primeira linha. A ideia é trazer alguns deles para o Galeão", afirmou.

Rocha admitiu a possibilidade de a Odebrecht Transport ser substituída no consórcio. "É uma possibilidade. Caso a Odebrecht decida vender sua participação, a Changi está tratando com potenciais investidores".

A expectativa do RioGaleão é conseguir reprogramar as próximas parcelas da outorga e liberar um financiamento do BDNES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) no valor de R$ 1,5 bilhão, além da emissão de debêntures (títulos da dívida de empresas) no valor de R$ 400 milhões.

O valor total da outorga do aeroporto é de R$ 19 bilhões, para 25 anos de concessão.

No mês passado, o presidente da Changi, Lim Liang Song, se reuniu com representantes do governo brasileiro apresentando possíveis soluções para que a concessão não seja relicitada.

O aeroporto do Galeão foi privatizado em 2014, e está em dificuldades financeiras. Além de não ter conseguido pagar na data prevista a parcela da outorga (que é uma espécie de aluguel anual pela administração), não conseguiu um empréstimo de longo prazo para bancar os investimentos de R$ 2 bilhões que já foram realizados.