Digital deve complementar impresso, não substituir, diz presidente do Grupo Abril

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 24/08/2016

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Na manhã do segundo dia da conferência da Associação Internacional de Mídia Jornalística (Inma), em São Paulo, o presidente do Grupo Abril, Walter Longo, defendeu que o universo digital seja abraçado pelos veículos como adição ao impresso, não substituição.

Disse que, quando assumiu o grupo, há seis meses, achava que sua missão era "levá-lo ao mundo digital", mas foi surpreendido por uma visão estabelecida de que "o papel já era". Ele concluiu que isso "gera uma profecia auto-realizável", a ser evitada.

Citou "sinais de recuperação", por exemplo, nas revistas "The Week", com circulação crescente, e "Vogue", com centenas de páginas de publicidade -além das circulações recordistas de "Cláudia" e "Veja", títulos do Grupo Abril, no primeiro semestre.

"O meio revista não está morrendo, mas pode estar se suicidando", afirmou, sobre a visão corrente de trocar o papel pelo digital, "conceito que veio dos Estados Unidos e chegou mais rápido do que deveria ao Brasil, acelerando o processo".

Ele defendeu uma divisão das tarefas clássicas do jornalismo, com a mídia digital cuidando de "o quê" e "quando" e o impresso cuidando de "por quê" e "como". Posteriormente, prevê ele, se tudo se transferir para o digital, as primeiras serão gratuitas, e as segundas, pagas.

As mudanças estratégicas que Longo está implantando no Grupo Abril partem dessa premissa e de outras quatro que detalhou: expandir o modelo de negócios, de mídia para "marketplace", passando a vender produtos; ampliar as ações de conteúdo patrocinado e publicidade nativa, "storyselling", como chamou; dar mais ênfase à cultura autoral, "valorizar os jornalistas"; e "atuar de maneira efêmera para continuar perene", ou seja, dispor-se a mudar permanentemente.