S&P rebaixa nota da Vale, mas empresa mantém selo de bom pagador

Autor: Da Redação,
sexta-feira, 29/01/2016

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou nesta sexta-feira (29) a nota de crédito da Vale de "BBB" para "BBB-", o que significa que a empresa manteve o selo de bom pagador. A perspectiva, porém, é negativa, ou seja, a mineradora pode sofrer novo rebaixamento em próximas avaliações.
A S&P afirma que a queda dos preços de metais e significativos investimentos devem piorar os indicadores de crédito da mineradora em 2016 e 2017.
Em comunicado, a S&P informou que pode rebaixar novamente a companhia -o que implicaria perda do grau de investimento- se, entre outros fatores, a relação entre a dívida e o Ebitda permanecer acima de cinco vezes nos próximos dois anos. Segundo a agência, isso poderia acontecer caso os preços do minério recuarem abaixo de US$ 40 por tonelada ou se a Vale tiver dificuldades para vender ativos não essenciais.
Além da crise na China, que afeta os preços do minério de ferro, a Vale vive um verdadeiro inferno astral desencadeado pela tragédia em Mariana (MG). Uma das acionistas (ao lado da anglo-australiana BHP Billiton) da Samarco, responsável pela barragem que se rompeu causando um tsunami de lama, a Vale utilizava a área para despejar rejeitos de minério de ferro de suas atividades na região.
Por causa do problema ambiental a mineradora ficou de fora do índice de sustentabilidade empresarial da Bolsa pela primeira vez desde a carteira que vigorou entre dezembro de 2009 e dezembro de 2010.
Na época, a Bolsa não especificou o motivo pelo qual os papéis da mineradora não farão parte do ISE em 2016. Sonia Favaretto, presidente do conselho deliberativo do ISE e diretora de imprensa e sustentabilidade da BM&FBovespa, se limitou a dizer que "as duas possibilidades para a empresa não estar no ISE são a companhia não ter participado do processo para ser incluída no índice ou não ter se qualificado para compor a carteira".
GRAU DE INVESTIMENTO
O grau de investimento é uma condição atribuída por agências internacionais de classificação de risco a papéis, empresas ou países para definir que se trata de um investimento seguro -ou seja, com baixo risco de calote.
As três agências risco de maior visibilidade no mundo são a Standard & Poor's, a Moody's e a Fitch Ratings.
As notas de crédito têm impacto sobre o custo da dívida de empresas e países. Quanto melhor a classificação, menor tende a ser o desembolso com os juros dos financiamentos, e vice-versa.
Para investidores estrangeiros, a avaliação das agências serve como termômetro para saber se a remuneração de um papel está adequada ao risco do investimento.
As notas de crédito também são importantes para os fundos: muitos deles são impedidos de aplicar em papéis sem grau de investimento. Se um emissor de dívida (país ou empresa) é rebaixado, esses fundos são obrigados a tirar os títulos com grau especulativo da carteira.
As empresas de avaliação de risco são contratadas para fazer essa análise, que é uma opinião.
Apesar disso, argumentam que, mesmo sendo atribuída mediante encomenda de agentes financeiros, a nota de risco é uma avaliação independente e confiável porque há preocupação com a credibilidade da própria agência.
Vale destacar, porém, que, na quebra do mercado imobiliário americano que esteve no epicentro da crise global desencadeada em 2008, papéis do setor que se mostraram "ativos podres" tinham nota máxima das agências de classificação de risco com grau de investimento.