Indústria naval deve contratar mais 300 mil

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 28/06/2010
Indústria naval deverá criar 60 mil empregos diretos e 240 mil indiretos

A revolução da indústria naval brasileira está multiplicando empregos em terra firme. O país, que já foi o terceiro maior construtor de navios na década de 1970, viu o setor praticamente falir nas duas décadas seguintes. Hoje, os estaleiros comemoram a retomada do crescimento. Nos últimos dez anos, os empregos diretos gerados na área pularam de 1.900 em 2000 para 46,5 mil em 2009.

Em 2014, ano da Copa do Mundo no Brasil, os postos de trabalho diretos devem chegar a 60 mil e os indiretos, a 240 mil - gente suficiente para lotar três estádios como o Maracanã. Os dados são do relatório Cenário 2010 – 1º Trimestre, do Sinaval (Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval).

O sucesso do setor é puxado principalmente pelo setor petrolífero, impulsionado pelas descobertas no pré-sal, e também pela decisão do governo de impulsionar o transporte marítimo e fluvial, que há muito estava esquecido, substituído pelo transporte rodoviário. Na semana passada, outro navio do Promef (Programa de Modernização e Expansão da Frota) foi lançado ao mar no Rio de Janeiro - foi o segundo neste ano.

A continuidade deste crescimento deverá recolocar o Brasil entre os países líderes na construção naval mundial, graças à decisão do governo de privilegiar os investimentos em estaleiros nacionais, segundo informou o ministro dos Portos, Pedro Britto.

Ele previu que, em pouco tempo, o Brasil deverá disputar mercados com potências asiáticas que hoje dominam a construção naval, tanto de navios quanto de plataformas.

- Nós temos que estar preparados para competir com os gigantes da área naval que hoje dominam o mercado, como a Coreia do Sul, a China e o Japão. Para isso, é preciso desenvolver nossas competências para disputarmos em igualdade de produtividade, com mão de obra qualificada.

Além da força impulsionada pelas descobertas de petróleo na plataforma continental brasileira, o ministro ressaltou a decisão de se investir em outra matriz de transporte, retomando a vocação natural do país para utilizar os mais de 8.000 km de costa e a extensa rede de rios.

- O Brasil tem mais de 40 mil km de vias interiores navegáveis. Nós precisamos investir em cabotagem [navegação costeira]. Atualmente, só 13% do transporte brasileiro são feitos por hidrovias. Nos próximos 15 anos, precisamos mudar isso para 29%, o que vai reduzir o custo de transporte e os impactos no meio ambiente.

Para evitar gargalos justamente na área que administra, Pedro Britto lembrou da necessidade de mais investimentos nos portos, que precisam ser modernizados, e, principalmente nas vias de acesso.

- Os investimentos que estão sendo feitos na dragagem dos 20 maiores portos brasileiros e no reequipamento dos portos menores vão reforçar a posição brasileira de transferir grande parte do transporte rodoviário - que hoje detém 58% da movimentação de cargas no país - para hidrovias e navegação de cabotagem. Com isso, a cadeia logística se tornará muito mais competitiva e o país vai poder exportar com menor custo.

Um exemplo desse tipo de iniciativa é a decisão da Petrobras de investir em transporte hidroviário, como informou na semana passada o presidente da Transpetro, Sérgio Machado.

Segundo ele, a estatal estará recebendo até a próxima quarta-feira (30) propostas de empresas interessadas em participar da licitação para a construção de 20 navios empurradores e 80 barcaças.

Os comboios, que serão construídos por um estaleiro da região, vão atuar no transporte de gasolina e álcool combustível na Hidrovia Tietê-Paraná, com potencial para substituir 40 mil viagens de caminhões por ano. O início das operações está previsto para 2012. A construção das embarcações deve gerar 3000 empregos.