Quadrilha fraudava financiamentos dentro da Caixa no Maranhão, diz PF

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 18/08/2014

SÃO PAULO, SP - A PF (Polícia Federal) deflagrou na manhã desta segunda-feira (18) uma operação para desarticular um grupo que fraudava contratos de financiamento imobiliário de dentro da Caixa Econômica Federal em São Luís, no Maranhão.

O grupo, que vinha sendo investigado desde 2012, é acusado de interferir, em 2010, em 5.000 contratos de financiamento de imóveis. As movimentações com suspeita de fraude somaram, segundo a PF, cerca de R$ 500 milhões no período.

A PF cumpriu 19 mandados de busca e apreensão, 18 de condução coercitiva (quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento) e sete de comunicação de suspensão da função pública. Segundo a corporação, 121 agentes participaram da operação, batizada de Cartago.

Os contratos eram fraudados por gerentes, superintendentes regionais e gestores que deveriam acompanhar acordos de financiamento.

Eles criavam empresas fictícias no próprio nome ou nos de parentes próximos.

Essas empresas prestavam serviço para a Caixa como correspondentes bancários, figura criada pelo banco para oferecer seus produtos em lugares de difícil acesso onde não existem agências. Desde 2009, os correspondentes podem intermediar contratos de financiamento de imóveis.

Quando um cliente buscava diretamente a Caixa, o grupo simulava nos contratos a intermediação das empresas terceirizadas na negociação do financiamento. Assim, ganhava uma comissão de 3% do valor do imóvel.

Segundo a PF, numa única agência da Caixa em São Luís, todos os contratos de financiamento investigados foram fraudados.

A participação de funcionários da Caixa e de parentes nas empresas que funcionam como correspondentes é vetada pelo banco.

Segundo o delegado Sandro Jansen, que comandou a operação, a polícia quer saber com a ação se as fraudes ainda são cometidas. "Provavelmente existem até hoje", afirmou.

Como os clientes que estavam financiando os imóveis não imaginavam a fraude, os contratos continuam valendo. Jansen diz, porém, que cabe a Caixa avaliar todos os acordos e rescindir os que não estão sendo pagos.

O delegado afirmou que o pedido de prisão dos envolvidos feito pela polícia foi negado pela Justiça porque os contratos foram firmados há quatro anos, e não agora.

Os integrantes do grupo poderão responder por gestão fraudulenta, estelionato, peculato, corrupção passiva, corrupção ativa, advocacia administrativa, violação de sigilo funcional, inserção de dados falsos e sonegação fiscal.