BC libera R$ 45 bi para crédito e diz que medida não afeta projeção de inflação

Autor: Da Redação,
sexta-feira, 25/07/2014

BRASÍLIA, DF - O Banco Central anunciou nesta sexta-feira (25) uma série de medidas para estimular o crédito. No total, R$ 45 bilhões devem ser injetados na economia. A liberação dos recursos, entretanto, dependerá da vontade dos bancos de emprestar.

Hoje, o total de crédito na economia é de quase R$ 3 trilhões.

A decisão do BC afeta, principalmente, o crédito ao consumo. Há medidas adicionais, por exemplo, para incentivar o financiamento de veículos e motos, mas que também dependem do apetite do sistema financeiro por esses negócios.

O BC disse que as mudanças, anunciadas um dia após a instituição afirmar que não vai cortar os juros por causa da desaceleração econômica, não alteram suas projeções para a inflação.

Do valor a ser liberado, R$ 30 bilhões se referem aos depósitos compulsórios sobre recursos a prazo. O BC decidiu permitir que até 50% do recolhimento compulsório relativo a depósito a prazo sejam cumpridos com operações de crédito, na contratação de novas operações de crédito e na compra de carteiras diversificadas.

O dinheiro poderá ser utilizado por grandes bancos para comprar operações de crédito de instituições menores.

Se preferirem, as instituições de maior porte também podem usar o dinheiro diretamente para empréstimos ao consumidor em negócios com veículos e motos.
O número de bancos de menor porte que podem vender carteiras foi ampliado pelo BC de 58 para 134.

O depósito compulsório é um dos instrumentos que o Banco Central usa para controlar a quantidade de dinheiro que circula na economia. O mecanismo influencia o crédito disponível e as taxas de juros cobradas.

Por meio do compulsório, os bancos são obrigados a depositar em uma conta no próprio BC parte dos recursos captados dos seus clientes nos depósitos à vista, a prazo ou poupança.

Quando reduz o compulsório, o BC dá aos bancos mais dinheiro para emprestar aos seus clientes. Isso pode ajudar a reduzir os juros bancários ou, em momentos de mais escassez de dinheiro, impedir que sequem as fontes de crédito para o consumidor e para empresas.


PSI

O BC também vai permitir que um número maior de bancos utilize 20% do compulsório sobre depósitos a vista para fazer empréstimos dentro do PSI (Programa de Sustentação do Investimento), linha de crédito criada na crise 2008 para financiar a produção com juros mais baixos. Essa medida tem impacto de mais R$ 200 milhões.

O governo também mudou regras para estimular empréstimos acima de cinco anos (60 meses) ao consumo. Para isso, decidiu que o capital que os bancos precisam ter para cobrir essas operações mais longas pode cair de acordo com o pagamento de prestações. A medida libera outros R$ 10 bilhões.

Hoje, um empréstimo acima desse período exige do banco o dobro de capital até a quitação da operação. Agora, a exigência cai quando o número de prestações a vencer for menor que 60 meses.

Essa medida pode ter impacto, principalmente, no crédito automotivo e consignado, embora se direcionada a todo o crédito ao consumo.


EMPRESAS

Por fim, o BC vai estimular empréstimos a pequenas empresas (até R$ 3,6 milhões de faturamento bruto anual), com impacto estimado de R$ 5 bilhões. Hoje, a exigência de capital praticamente inviabiliza que o banco empreste mais de R$ 600 mil para uma mesma empresa. O estímulo visa esticar esse limite para R$ 1,5 milhão.

O chefe do Departamento de Normas do Banco Central, Sérgio Odilon dos Anjos, afirmou que a instituição está revisando medidas adotadas no fim de 2010, quando os riscos no mercado crédito eram maiores.

Ontem, o BC afirmou na ata do Copom (Comitê de Política Monetária) que, após anos em forte expansão, arrefecida com a introdução das medidas macroprudenciais de 2010, o mercado de crédito voltado ao consumo passou por uma moderação.

"Nos últimos trimestres observaram-se, de um lado, redução de exposição por parte de bancos, de outro, desalavancagem das famílias", afirmou.

"Portanto, infere-se que os riscos no segmento de crédito ao consumo vêm sendo mitigados."