Atraso na coleta dos dados prejudica pesquisa de emprego, diz IBGE

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 26/06/2014

RIO DE JANEIRO, RJ - O atraso na coleta dos dados da Pesquisa Mensal de Emprego reduz a qualidade da informação, segundo Cimar Azeredo Pereira, coordenador de Emprego e Rendimento do IBGE.

O ideal é fazer a entrevista o mais perto possível da semana de referência porque as pessoas podem se esquecer ou confundir se procuraram ou não emprego no período.

O prejuízo na coleta dos dados foi maior em Porto Alegre, onde a pesquisa está em fase final.

Em Salvador, a tarefa foi concluída, mas não houve tempo de analisar e conferir as informações.

A greve dos servidores do IBGE completou um mês nesta quinta-feira (26). Durante todo o período, a direção do IBGE disse que não teria prejuízo às pesquisas. O levantamento mensal de emprego foi o primeiro afetado.


QUALIDADE

Apesar do IBGE assegurar que será divulgada a média da taxa de desemprego das seis regiões, Cimar Azeredo Pereira, coordenador do IBGE, diz que isso dependerá da "qualidade dos dados" coletados em Porto Alegre e Salvador, onde gerentes regionais da pesquisa aderiram à greve.

"Vamos olhar esses dados coletados com olhos de lince e ver a sua qualidade. O maior problema que pode existir é a memória do informante, que se esquece do que fez. O ideal é fazer a coleta perguntando o que a pessoa fez na semana anterior. Quanto mais passa o tempo, a chance dele esquecer é maior."

Pereira disse que os entrevistadores estão atentos e avisados para alertar os entrevistados sobre a data correta.

O coordenador disse ainda que o atraso em maio na coleta em Salvador e Porto Alegre também irá repercutir na pesquisa de junho, que deverá ser postergada.

PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO

Segundo Ana Magni, diretora da Assibge (sindicato da categoria), o movimento dos grevistas tem crescido e mesmo com as ações da direção, que remaneja profissionais, não foi possível divulgar os dados de Salvador e Porto Alegre "com grande buracos na coleta dos dados e na análise".

Segundo ela, o fato ilustra "a deterioração e precarização" do trabalho no IBGE, que perde servidores ano a ano. Em 2007, eram cerca de 8 mil servidores próprios. Agora, o número é próximo a 6 mil.

"Mais gente vai se aposentar e não há um plano para repor esse pessoal."


REIVINDICAÇÕES

A categoria reivindica principalmente equiparação salarial aos servidores de outros órgãos, como o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). A direção do IBGE também defende essa proposta.

Mas o Ministério do Planejamento, ao qual o IBGE é vinculado, diz que não há possibilidade de mudanças salariais neste ano, citando que ainda está sob vigência um acordo ate 2015 com a categoria.

Na greve de 2012, que durou dois meses, ficou acertado um reajuste de 15%, escalonado em três anos.

Naquele ano, a pesquisa mensal de emprego, a mais complexa do instituto e com o maior número de pessoas entrevistadas, também divulgou dados parciais em junho e julho. As informações completas, com a taxa média de desemprego das seis regiões, foi divulgada em agosto.