Meirelles diz que desequilíbrio econômico global está no limite

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 22/04/2010

O desequilíbrio econômico produzido pela relação de alto consumo americano e elevada poupança chinesa chegou ao ápice, disse nesta quinta-feira o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
 

"O desequilíbrio chegou ao limite", afirmou no fórum promovido pelo Lide (Grupo de Líderes Empresariais) que acontece em Comandatuba, na Bahia, até sábado.
 

Nos últimos dias, o governo brasileiro passou a criticar diretamente a desvalorização do yuan como um problema para o sistema econômico mundial, permitindo à China exportar e poupar com mais facilidade. A acusação da desvalorização artificial da moeda chinesa é historicamente feita pelos EUA e, até recentemente, o Brasil não se posicionava diretamente a respeito desse tema.
 

Se o país asiático "vai ou não desvalorizar sua moeda será uma questão importante no G20", afirmou o mandatário do BC, para, logo depois, destacar o Brasil como "líder nas discussões da reforma do sistema financeiro internacional".

Ao ser perguntado diretamente sobre o papel da moeda chinesa no desequilíbrio global e sobre qual seria o posicionamento do Brasil no G20, Meirelles foi evasivo: "Mencionei um desequilíbrio de duas partes, de um lado o excesso de consumo dos EUA e do outro lado da alta poupança na China. Parte importante desse processo é o aumento da poupança nos EUA e do consumo na China".
 

Sobre a valorização do real diante do dólar, Meirelles disse que "muitos apostadores" perderam dinheiro investindo num aumento da moeda brasileira em relação à americana. Para ele, o real não faz mais parte do grupo "vulnerável" de moedas, e sim do conjunto de países exportadores de commodities.
 

O presidente do BC afirmou ainda que o câmbio pode subir ou baixar, com quase iguais chances, e deve precisar de "ajustes" se o deficit em conta corrente crescer mais do que o investimento estrangeiro.
 

Em relação à proposta do FMI (Fundo Monetário Internacional) de taxar os bancos para criar um fundo global de combate a crises financeiras, Meirelles disse que o país já possuía uma regulação sólida do setor e que "o Brasil não precisou usar dinheiro público para salvar bancos".
 

Ainda sobre o FMI, Meirelles afirmou que a instituição "subestimou" o país ao prever que o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro crescerá 5,5%. As projeções do Banco Central apontam para um aumento de 5,8%.
 

Eleições

Para Meirelles, o fato de ter sido cotado para ser vice-presidente da chapa de Dilma Rousseff (PT) é uma mostra de que "manter a inflação sob controle é um ativo político no Brasil", país no qual, segundo ele, tal controle tem "apoio popular".
 

"Presidente do Banco Central em vias eleitorais é um resultado da visão da população sobre o controle da inflação", completou.
 

Coincidentemente, Meirelles deu as declarações ao lado de Michel Temer, presidente do PMDB e o escolhido para ser o vice-presidente na chapa de Dilma.