Bovespa tem maior queda diária em quase seis semanas; Gol cai 6,4%

Autor: Da Redação,
terça-feira, 02/04/2013





SÃO PAULO, SP, 2 de abril (Folhapress) - Com os investidores cautelosos em relação à efetividade das medidas tomadas pelo governo brasileiro para garantir o crescimento econômico do país, o principal índice de ações da Bolsa brasileira, o Ibovespa, fechou hoje em queda de 1,81%, para 54.889 pontos.

Essa foi a maior queda diária do Ibovespa desde 20 de fevereiro deste ano, quando o índice caiu 1,98%. Entre os 69 papéis que compõem o Ibovespa, 58 registraram perdas hoje.

Entre as principais quedas, a ação da companhia aérea Gol caiu 6,39%, para R$ 10,98 cada.

Nesta sexta-feira, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) notificou a Gol a prestar esclarecimentos sobre a falha no sistema de check-in apresentada na última madrugada nos aeroportos Santos Dumont e Galeão, no Rio, provocando longas filas e atraso de pelo menos 9 voos.

Segundo a empresa, no entanto, o problema só ocorreu no Tom Jobim, por conta de obras do aeroporto, de responsabilidade da Infraero, e o atendimento já foi normalizado.

Também em queda, as ações mais negociadas das siderúrgicas CSN e Usiminas tiveram hoje baixas de 3,9% e 6,02%.

Segundo operadores, o movimento é um ajuste às fortes altas de ontem, após a CSN ter deixado de assumir compromisso de compra da CSA e afirmado que quer manter investimentos em ações da Usiminas. Contribuiu para puxar o desempenho do Ibovespa para baixo as quedas de 1,88% e 1,75% das ações mais negociadas de Petrobras e Vale. Ambas possuem as maiores participações no índice.

Indicadores Negativos

Apesar dos investidores receberem positivamente a divulgação de indicadores econômicos no exterior, por aqui cresce o sentimento de cautela em relação à eficácia das medidas de estímulo que o governo tem adotado para manter o crescimento.

Essa percepção aumentou após a produção da indústria ter registrado queda de 2,5% em fevereiro, na comparação livre de influências sazonais (típicas de cada período) com janeiro. O resultado, divulgado pelo IBGE, é o pior desde dezembro de 2008, auge da crise global, quando a produção industrial recuou 12,2%.

No mesmo sentido, o ICST (Índice de Confiança da Construção) recuou 7,9% no trimestre encerrado em março na comparação com um ano antes, de acordo a Sondagem Conjuntural da Construção divulgada hoje pela FGV (Fundação Getulio Vargas).

"Os indicadores negativos divulgados hoje pesaram sobre a precepção do mercado sobre o crescimento da economia brasileira. O resultado foi uma queda generalizada das ações", disse Pedro Galdi, da SLW Corretora.

Mais Medidas do Governo?

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, reafirmou hoje que a autoridade monetária está acompanhando a evolução do cenário macroeconômico para avaliar a necessidade de adotar outras medidas. Em apresentação à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, Tombini ainda destacou que "a recuperação da atividade econômica tem se materializado de forma gradual e a perspectiva é de ritmo mais intenso".

De acordo com ele, há sinais consistentes de recuperação da indústria, com indicadores antecedentes sugerindo crescimento no primeiro trimestre, mesmo após a queda de 2,5% da produção em fevereiro.

Já o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse hoje que o fim do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre o financiamento de máquinas pretende "tornar mais competitivo o crédito dos bancos para bens de capital, para investimento".

O governo zerou o IOF do financiamento para aquisição e produção de bens de capital (máquinas), produção de bens de consumo para exportação, setor elétrico e obras de infraestrutura e logística (concessões), entre outros. A medida vale a partir de hoje.

Referências Externas

Se no Brasil ainda há dúvidas quanto ao ritmo de crescimento da economia, nos EUA os indicadores continuam dando sinais de melhora.

O Departamento do Comércio informou que as novas encomendas de bens industriais no país subiram 3% no mês passado em relação a janeiro. Economistas consultados pela Reuters esperavam um avanço de 2,9% no período.

Na Europa, as referências foram mistas. A taxa de desemprego da zona do euro ficou estável em 12,0% em fevereiro, informou a agência de estatísticas da União Europeia (UE), o que pode aumentar a pressão para o Banco Central Europeu (BCE) cortar a taxa de juros. Esse resultado já era esperado.

A notícia amenizou a contração do setor industrial da zona do euro, que aprofundou-se ainda mais em março, embora a crise no Chipre ainda não tenha afetado a atividade, mostrou a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) do instituto Markit.