Bovespa fecha em queda de 0,67% e volta ao menor nível em 8 meses

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 25/03/2013





SÃO PAULO, SP, 25 de março (Folhapress) - Acompanhando os mercados internacionais, o principal índice de ações da Bolsa brasileira, o Ibovespa, fechou hoje em queda, à medida que o alívio com o resgate do Chipre foi dissipado após o ministro das Finanças holandês dizer que o acordo pode servir como um novo modelo para a região.

O Ibovespa registrou baixa de 0,67%, para 54.873 pontos --renovando sua menor pontuação de fechamento desde 26 de julho de 2012, quando ficou em 54.002 pontos. O movimento teve forte influência da queda das ações mais negociadas da Vale (-1,68%), que possui peso superior a 8% no índice.

As ações que registraram a maior queda entre os papéis que compõem o Ibovespa foram as ordinárias (com direito a voto) da Oi (-6,26%). O mercado ainda avalia a distribuição total de R$ 1 bilhão em proventos, anunciada pela empresa na semana passada.

"Vejo como negativa a continuidade da Política de Remuneração aos Acionistas da companhia, que não se demonstra compatível com sua geração de caixa e necessidades de investimento", disse Victor Martins, analista da Planner.

"O fraco desempenho das ações da companhia recentemente, a despeito do yield (taxa de rendimento) atrativo das distribuições, demonstra a desconfiança do mercado quanto à sustentabilidade dessa política e à situação financeira da companhia nos próximos anos", completou Martins.

Outras ações que caíram forte hoje foram as da Gol (-5,84%), com os investidores cautelosos com a abertura de capital de sua controlada Smiles ao mesmo tempo em que a concorrente Multiplus faz nova oferta de ações. Os papéis chegaram a cair mais de 6% no dia.

Apesar de terem registrado queda a maior parte do dia, os papéis mais negociados da Petrobras fecharam estáveis em R$ 18,63 cada. Em 12 meses, porém, a queda acumulada já ultrapassa os 21%.

O ministro das Finanças da Holanda, Jeroen Dijsselbloem, que preside o grupo de ministros das Finanças da zona do euro chamado Eurogroupo, disse que o resgate do Chipre representa um novo modelo para resolver problemas bancários da zona do euro e que outros países podem ter que reestruturar seus setores bancários.

Isso levantou temores de que outros países endividados com problemas bancários podem enfrentar medidas punitivas similares às aplicadas ao Chipre, que aceitou fechar seu segundo maior banco e aplicar grandes perdas a pessoas cujas contas bancárias tiverem mais de 100 mil euros para receber ajuda financeira externa.

Diante da repercussão negativa de sua fala, Dijsselbloem disse em comunicado que o Chipre "é um caso específico, com desafios excepcionais", e que necessitava das medidas acordadas com as autoridades do país no último domingo. "Programas de ajustes macroeconômicos são desenhados de acordo com a situação de cada país e não existe a utilização de modelos", afirmou.

"A fala do presidente do Eurogroupo traz preocupação, pois abre margem para o mercado interpretar que, caso outros países tenham risco de calote, a atuação das autoridades será mais rígida, como foi com o Chipre, colocando em jogo a integridade do bloco econômico", avaliou Pedro Galdi, da SLW Corretora.