Grécia vai descumprir metas do FMI para o déficit até 2012, diz ministro

Autor: Da Redação,
domingo, 02/10/2011

O gabinete de governo da Grécia aprovou neste domingo (2) o orçamento do país para 2012 e afirmou que não será possível cumprir as metas de déficit determinadas no plano de resgate da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI) neste ano e no próximo. Segundo o ministro das Finanças grego, o orçamento será enviado ao Parlamento na segunda-feira (3).

O país acredita que o déficit orçamentário de 2011 ficará em 8,5% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, sem atingir a meta de 7,6%, segundo os documentos aprovados. Em 2012, a expectativa é que o déficit chegue a 6,8%, ainda acima da meta de 6,5%.

"Três meses críticos restam para terminar 2011, e a estimativa final de déficit de 8,5% do PIB poderá ser alcançado se o mecanismo do Estado e os cidadãos reajam de acordo", disse o ministro.

Nos mesmos documentos, a Grécia vê sua economia sendo contraída em 5,5% neste ano e 2% no ano que vem. Isso está em conformidade com as perspectivas econômicas mundiais divulgadas pelo FMI no mês passado, mas muito pior que as projeções utilizadas para as negociações sobre o resgate em julho, que previram que a economia do país voltaria a crescer no ano que vem.

Atenas põe a culpa da falha em atingir as metas na contração da economia pior que a esperada, enquanto seus credores dizem que a falha no avanço com as necessárias reformas estruturais também são parte da culpa.

A recessão mais profunda do que o esperado torna mais difícil para a Grécia obter receitas e atingir as metas do déficit. Ela também faz com que o impacto das medidas de austeridade, como aumento dos impostos e corte dos salários, pese muito mais sobre os cidadãos.

Resgate
Ainda sem a liberação da parcela de 8 bilhões de euros (10,7 bilhões de dólares) da ajuda da União Europeia, a endividada Grécia pode ficar sem fundos para honrar suas contas nas próximas semanas.

Negociações entre o FMI, a UE e o Banco Central Europeu (BCE), conhecidos como "Troika", estão ocorrendo para solucionar o orçamento grego e reformas desde quinta-feira (29).

Pressionada pelo grupo para liberar os empréstimos, a Grécia tem prometido elevar impostos, cortar gastos públicos e acelerar o plano para reduzir o quadro de funcionários públicos até pela metade até 2015.

Se os inspetores concluírem que a recessão grega continuará sendo pior do que o esperado, os governos da União Europeia já sugeriram que os bancos credores - que concordaram rever 21% do valor da dívida da Grécia em julho - talvez sejam forçados a assumir mais esforços.