Aprovação de plano nos EUA não é 'satisfatória', diz Mantega

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 03/08/2011
Não haverá calote, mas EUA não têm condições de fomentar economia, afirma o ministro Guido Mantega

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, avaliou nesta quarta-feira (3) que a aprovação do plano fiscal pelo Senado Federal dos Estados Unidos, elevando o teto da dívida norte-americana e afastando a possibilidade de calote, não é "satisfatório".

"A crise mundial continua e está numa fase um pouco maior do que estava. Os Estados Unidos estão tendo um desempenho econômico inferior àquele que se esperava. Felizmente, conseguiram aprovar esse aumento do endividamento. Porém, não é satisfatório aquilo que foi aprovado lá porque resolve o problema da dívida, não vai haver inadimplência, default, mas eu acredito que o governo americano não tem as condições para fomentar o crescimento da economia", disse Mantega.

Na avaliação do ministro da Fazenda, tanto os Estados Unidos, quando a Europa, que registra problemas em contas públicas em alguns países, como Grécia, Espanha, Portugal e Irlanda, a perspectiva é de uma "recuperação demorada", prejudicando, por consequência, o mundo todo. "Os emergentes são menos afetados porém somos afetados, por questões cambiais, política monetária, falta de mercados", declarou.

Questionado se a agência de classificação de risco Moody´s poderia rebaixar a nota da dívida norte-americana, o ministro não soube fazer uma avaliação. "Eu não sei, aí tem que perguntar para a Moody's. A agência chinesa fez o rebaixamento. Eles deviam tomar cuidado porque o principal credor dos EUA é a China, estão rebaixando os títulos que eles possuem", acrescentou.

Mantega disse achar que não seria o caso de rebaixamento dos Estados Unidos, porque, do ponto de vista financeiro, o país vai continuar sólido, cumprindo suas obrigações. "Eu acredito que foi um episódio quase que mais político do que econômico. O que me preocupa mesmo, a questão de fundo é a dificuldade da recuperação econômica, a manutenção de um desemprego elevado, o crescimento fraco da demanda. Não há demanda, não há resolução dos problemas que levaram à crise do subprime, então é isso que me preocupa", declarou o ministro.

Ele observou, porém, que, por conta da crise dos Estados Unidos e Europa, o Brasil está sofrendo as consequências. "Embora numa situação muito melhor, mas nós temos que nos defender tomando medidas que coloquem um cordão de isolamento no Brasil para que ele não seja prejudicado por essa situação", acrescentou.

Com juros baixos nos Estados Unidos, os investidores internacionais tendem a buscar por remunerações mais atrativas em outros países. O Brasil, por sua vez, tem a taxa de juros real (após o abatimento da inflação prevista para os próximos doze meses) mais alta do mundo, ao redor de 6% ao ano. Com isso, tem atraído capitais, o que pressiona para baixo o dólar e, por consequência, diminui a competitividade das empresas brasileiras.