Veja exercícios físicos adequados para crianças e adolescentes

Autor: Da Redação,
sexta-feira, 05/07/2024
Prática de exercícios ao ar livre é uma das dicas

Não é novidade que a prática regular de atividade física contribui para a prevenção de uma série de doenças crônicas não transmissíveis, entre elas diabetes, hipertensão e alguns tipos de câncer, além de reduzir o risco de eventos cardiovasculares, como infarto. Movimentar-se também é essencial para a prevenção de sobrepeso e obesidade, um problema cada vez mais comum entre crianças e adolescentes no mundo todo.

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Em 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou o plano global Let’s be active (Vamos ser ativos) para estimular a prática de exercícios e reduzir a prevalência do sedentarismo entre adolescentes e adultos em 10% até 2025 e em 15% até 2030. Em relação à obesidade infantil, o Ministério da Saúde aponta que 12,9% das crianças brasileiras entre 5 e 9 anos têm obesidade, assim como 7% dos adolescentes na faixa etária dos 12 aos 17 anos.

Mas escolher a melhor atividade física para os filhos nem sempre é uma tarefa simples. Muitos pais ficam em dúvida sobre qual exercício é o mais recomendado para a criança e, às vezes, acabam impondo a prática de esportes que eles gostam, sem levar em consideração o gosto dos pequenos. “A melhor atividade física para a criança é aquela de que ela gosta”, resume o ortopedista pediátrico Nei Botter Montenegro, da Clínica de Especialidades Pediátricas do Hospital Israelita Albert Einstein e do Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas de São Paulo. Para que isso aconteça, a criança precisa ter contato com o máximo de opções possíveis.

Em crianças e adolescentes, a prática de exercícios proporciona benefícios como melhora da aptidão física, além de vantagens em índices cardiometabólicos, ósseos e cognitivos. Contribui também para evitar a obesidade, melhorar o desempenho acadêmico e a função executiva e ainda aliviar sintomas de depressão. De acordo com Montenegro, quando a criança é exposta a uma atividade física ou a um esporte desde cedo, muito provavelmente ela vai gostar de fazer aquilo, introduzir a prática em sua vida e continuar como uma pessoa ativa na idade adulta.

“Se a obrigamos a fazer uma atividade que ela não tenha prazer, pode desanimar, desistir e deixar de fazer outras modalidades pela experiência frustrante naquele esporte que não agradou. Isso pode ter um impacto negativo, resultando no abandono da atividade e no desincentivo à atividade física, mesmo na idade adulta”, alerta o médico.

Para meninas, atividades terrestres

Segundo Montenegro, as meninas devem ser incentivadas desde pequenas a praticar atividades físicas terrestres para melhorar o ganho de massa óssea e, com isso, evitar osteoporose na idade adulta. Isso porque elas terão uma vida hormonal mais curta que a dos meninos. “Pode ser dança, algum esporte de quadra ou o que quiser. Isso é necessário porque existe um ganho de massa óssea proporcional à atividade que a criança fizer”, explica o ortopedista.

Montenegro cita um estudo realizado no Japão em que pesquisadores compararam as atividades físicas praticadas por crianças que viviam na cidade com as que habitavam zonas rurais no país. O grupo que mais ganhou massa óssea foi o da cidade, justamente porque caminhava mais.

“No Japão, eles têm o conceito walk to school [“andar para a escola”]. Essa era a única diferença entre os grupos. As crianças da cidade iam a pé para a escola, enquanto as da zona rural iam de ônibus por ser muito longe. Ao final do estudo, a massa óssea das crianças que caminhavam era 20% maior do que as do campo”, relata.

Alongamentos ajudam a evitar lesões

Outro fator importante para atividades físicas e esportivas em crianças e adolescentes é a prevenção de lesões. Estatisticamente, a ginástica artística, o atletismo e as lutas marciais são as modalidades com maior número de lesões, segundo Montenegro. Machucados também são frequentes em esportes com maior impacto ou contato físico, caso de futebol, boxe, handebol e basquete.

A principal recomendação para evitar lesões é fazer o aquecimento muscular por pelo menos 10 minutos antes do início das atividades esportivas, assim como o alongamento. “O alongamento é fundamental e muitas crianças e adolescentes não o fazem antes de começar uma atividade. Muitas vezes, os próprios educadores físicos não avaliam a necessidade isso”, alerta o ortopedista, ao frisar a importância de passar por uma avaliação com um profissional de saúde antes de começar qualquer tipo de modalidade.

O médico também faz um alerta sobre os excessos, que podem levar ao aumento de lesões. De acordo Montenegro, se os esportes forem somente por lazer, sem competição, não existe limite de dias ou horas para a prática. Mas, se a criança ou o adolescente estiver treinando para ser um atleta, a recomendação é manter uma frequência de, no máximo, três treinos por semana, acrescidos por um dia de competição, com intervalo de um dia entre eles para a recuperação física. “Muitas crianças são incentivadas em excesso pela família, determinando um exagero no número de dias e de modalidades praticadas”, observa. 

E a musculação?

Outra dúvida comum dos pais é sobre a prática de exercícios para ganhar força, popularmente chamados de musculação. Segundo Montenegro, adolescentes podem fazer esses exercícios, mas sempre com supervisão de um profissional de educação física, após a realização de alongamento e, preferencialmente, apenas com o peso do corpo.

“A criança e o adolescente estão em fase de crescimento. Eles possuem algumas porções dos ossos chamadas apófises, que são áreas de crescimento onde o osso está aumentando para receber músculos fortes. Nessas áreas, existe uma chance maior de haver uma lesão. Por isso é importante ser acompanhado por um profissional”, frisa.

O ideal para cada idade

Veja as atividades mais indicadas por faixa etária:

Fonte: Agência Einstein