Um comerciante de 46 anos foi encurralado, arrastado para fora do próprio carro e espancado por usuários da Cracolândia de São Paulo às 19h desta segunda-feira, 12. O ataque aconteceu embaixo do Elevado João Goulart (Minhocão). Guardas civis metropolitanos e policiais militares chegaram ao local pouco tempo depois do início da ocorrência, mas não efetuaram prisões.
O local do ataque corresponde ao novo endereço adotado pelos usuários da Cracolândia, na Avenida São João, altura do número 1723. Antes instalados na Rua Helvétia, no bairro dos Campos Elíseos, eles têm migrado dali para o vão do elevado, ocupando os quarteirões seguintes e por vezes interrompendo o trânsito da região.
Pelas imagens, é possível ver que um grupo de ao menos dez pessoas arrasta a vítima (vestida de camiseta vermelha) para fora do próprio veículo e começa a atacar o homem com socos, chutes e pisões. Enquanto ele é agredido, um casal invade o carro, ao mesmo tempo em que um agente da Guarda Civil Metropolitana e outro da Polícia Militar chegam ao local.
Segundo o relato da vítima, ele estava dirigindo pela Avenida São João quando foi cercado por usuários da Cracolândia que começaram a bater nos vidros e na lataria do carro. Após o ataque, a orientação do policial militar presente no local foi para que o comerciante registrasse um boletim de ocorrência online.
Na tarde desta terça-feira, 13, policiais civis da 1ª Delegacia Seccional Centro realizaram uma nova etapa da Operação Caronte nas redondezas da Rua dos Gusmões, na República, para identificar os usuários vistos no vídeo. "Ser dependente químico não é salvo conduto para a prática de delitos", aponta o delegado Roberto Monteiro, em entrevista ao Estadão.
Segundo Monteiro, alguns usuários responsáveis pelo cerco ao comerciante já migraram do local e foram identificados. Ao todo, a Polícia Civil buscou 17 suspeitos com mandado de prisão por tráfico e outros delitos.
"O fato foi presenciado por um policial militar que não os prendeu em flagrante, que seria o caso. Agora, cabe à Polícia Civil identificá-los e prendê-los", observa o delegado.
A operação continuou até o início desta noite e segue nos próximos dias com trabalho de investigação e identificação dos outros suspeitos. O total de pessoas detidas ainda não foi divulgado pela Polícia Civil.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo disse que os agentes da Guarda Civil Metropolitana apenas "prestaram apoio" à ocorrência e que demais detalhes são de responsabilidade da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP).
Procurada pelo Estadão, a SSP não comentou o caso nem explicou por que o policial militar não prendeu em flagrante nenhum dos envolvidos no ataque.