Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) fizeram um projeção, por meio do Infotracker, sobre os dados da Covid-19. De acordo com a análise, muitos casos da doença devem ser registrados nos próximos dias, por conta do avanço da variante Delta.
Segundo o professor da Unesp e coordenador da plataforma, Wallace Casaca, é “muito perigoso as pessoas se manterem com uma só dose da vacina com a chegada da Delta”. Wallace destaca que o Brasil acelerou a campanha de vacinação nos últimos dias, porém, apenas uma pequena parte da população contém o esquema de imunização completo, ou seja, receberam as duas doses da vacina.
Conforme a projeção, no fim de setembro, a capital paulista terá um aumento de casos por conta da nova cepa. Atualmente, o estado de São Paulo possui 231 registros da nova mutação, de acordo com dados do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), sendo 171 apenas na capital.
No Rio, no estado e na capital, a situação é mais delicada: a Delta já é predominante. Na última sexta-feira (20/8), o prefeito Eduardo Paes disse que nunca antes a cidade registrou uma taxa de contágio tão grande.
“Estamos, neste momento, com um pico de casos de Covid na cidade do Rio de Janeiro em todo o ano de 2021. Traduzindo aqui, nunca antes, no ano de 2021, nós tivemos tantas pessoas com Covid na cidade como neste momento agora”, falou.
O coordenador do Infotracker diz que o Rio de Janeiro já se encontra em fase de atenção, e os números devem piorar em breve. “As internações provavelmente vão continuar aumentando, lembrando que o Rio tem ocupação de leitos de UTI de mais de 90%. Está bastante saturado o sistema de saúde. Os óbitos ainda não começaram a subir, mas isso deve ocorrer por um reflexo das internações”, avalia.
Imunizantes
A maioria das vacinas contra o novo coronavírus são aplicadas em duas doses, exceto o imunizante da Janssen, que é ministrado em dose única. Apenas uma dose dos imunizantes não é capaz de conter a Covid-19 completamente. Os dados de cidades como Londres e Nova York mostram uma explosão de casos com a chegada da variante Delta, mas os óbitos e internações não cresceram no mesmo ritmo.
Pesquisas estão sendo realizadas para apurar o grau de eficácia das vacinas contra a variante Delta, oriunda da Índia. A nova cepa é mais transmissível.
Em relação à Pfizer, a eficácia foi de 94% contra a Delta 14 dias após a segunda aplicação. Mas ela caiu com o passar do tempo, chegando a 90%, 85% e 78%, após 30, 60 e 90 dias, respectivamente. Já a AstraZeneca, 14 dias após a aplicação da segunda dose, apresentou eficácia de 69% contra a variante, mas o número baixou a 61% após 90 dias.
Quando se trata de apenas uma dose, ainda não há evidências conclusivas, mas estima-se haver uma eficácia de apenas 30% da Pfizer contra a Delta com apenas uma aplicação.
Com informações; Metrópoles.