De acordo com o Programa Nacional de Imunizações (PNI) do governo federal, a campanha brasileira priorizará pessoas consideradas mais vulneráveis à infecção pelo coronavírus, no primeiro momento. Além dos profissionais de saúde – que estão entre os primeiros a serem vacinados, idosos e pessoas com doenças crônicas (cardiopatas e diabéticos, por exemplo), são grupos prioritários. Mas afinal, quem pode e quem não pode receber a vacina? Tire algumas dúvidas importantes sobre a vacinação:
Pessoas com doenças crônicas, como câncer, diabetes e asma, podem ser vacinadas?
Podem e devem, por serem consideradas de alto risco para a doença. A imunização será feita em quatro grupos prioritários, que somam 50 milhões de pessoas. Além dos profissionais de saúde, pessoas com 75 anos ou mais; pessoas de 60 anos ou mais institucionalizadas; população indígena aldeada em terras demarcadas e povos e/ou comunidades tradicionais ribeirinhas estão no grupo previsto para receber a vacina na primeira fase.
Na segunda etapa, serão vacinadas pessoas de 60 a 74 anos. A terceira fase da campanha será voltada para pacientes com comorbidades, como diabetes, hipertensão arterial grave, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença renal, doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, indivíduos transplantados de órgão sólido, anemia falciforme, câncer e obesidade grave (com índice de massa corporal igual ou acima de 40). Os pacientes com asma não estão nos grupos prioritários mas, quando a campanha for ampliada para o restante da população, devem sim se vacinar.
A vacina é gratuita?
Sim. As duas vacinas aprovadas pela Anvisa foram incorporadas ao Plano Nacional de Imunizações (PNI) e estarão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) do país.
Posso ser infectado pelo coronavírus mesmo após tomar a vacina?
Já existem relatos de pessoas que foram vacinadas contra o coronavírus e, dias depois, testaram positivo para a doença. Em Israel, por exemplo, 240 pessoas foram diagnosticadas com Covid-19 após receberem a primeira dose do imunizante. Isso porque, de acordo com os especialistas, o efeito esperado da fórmula só se completa após a aplicação da 2ª dose.
Os especialistas reforçam que, até que as duas doses sejam administradas, é necessário seguir com todos os cuidados, como o uso de máscaras, o distanciamento social e a higienização das mãos. Outro ponto a ser levado em consideração é a eficácia, apesar dos bons resultados verificados nos testes das vacinas, é possível que, para algumas pessoas, o imunizante não alcance a resposta imunológica pretendida.
Pessoas que têm alergias poderão tomar a vacina contra Covid-19?
Segundo especialistas, reações alérgicas graves a componentes de vacina são muito raras. As reações mais sérias costumam estar relacionadas ao tipo de vacina e aos componentes presentes nela. De um modo geral, ser alérgico a algum tipo de medicamento não significa, necessariamente, que a pessoa terá alergia às vacinas.
Ter reação alérgica a ovo, bijuterias, níquel ou timerosal (conhecido comercialmente como merthiolate), por exemplo, não é impeditivo para ser vacinado. Caso o paciente tenha alergia a algum alimento ou substância, o ideal é avisar ao profissional antes de receber a aplicação.
Grávidas e menores de 18 anos podem tomar a vacina?
Gestantes e menores de 18 anos não poderão ser vacinados por enquanto, uma vez que esses perfis de pacientes não foram analisados nas pesquisas clínicas finais das vacinas existentes hoje.
Preciso ficar sem beber antes ou depois de tomar a vacina?
O álcool em excesso pode influenciar a resposta imune do organismo. As vacinas agem estimulando o corpo a produzir anticorpos e/ou células capazes de defendê-lo contra “invasores”. Para alcançar esses objetivos, o ideal é que o corpo esteja em homeostase, ou seja, o mais saudável possível.
“Ingerir álcool após receber a vacina não colocará a vida de ninguém em risco, mas é uma vacina com uma cepa desconhecida, então a recomendação de ficar sem álcool uma semana antes e 20 dias depois [da imunização] é inteligente”, explica Luciano Lourenço, clínico geral e coordenador do pronto-socorro do Hospital Santa Lúcia.
Depois de tomar vacina, quanto tempo é necessário para a pessoa ficar imune?
Em casos de vacinas aplicadas em duas doses, o corpo produz os anticorpos em duas etapas. A primeira leva em torno de 20 dias, quando o organismo tem uma resposta primária ao imunizante. Nessa fase, o corpo produz anticorpos que não são definitivos ainda.
A etapa seguinte, após a segunda dose, é o momento em que o corpo transforma os “soldados” provisórios em permanentes. Esse processo também precisa de cerca de 20 dias.
Depois de tomar a vacina, a pessoa ainda pode transmitir o coronavírus?
Estudos recentes mostram que, mesmo entre aqueles que já foram infectados pelo coronavírus, há chances de a transmissão continuar acontecendo. Por isso, é imprescindível manter o uso da máscara, a higiene de mãos e o distanciamento social, que são as principais medidas para impedir a disseminação do vírus.
O que falta para a pandemia ser controlada?
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é preciso vacinar entre 65% e 70% da população mundial para que a transmissão do vírus seja controlada. “Só poderemos ter uma vida um pouco mais tranquila quando tivermos um número grande de pessoas imunizadas, o que diminuirá o número de casos, especialmente os graves e que necessitam de internação”, explica Eliane Tiemi Iokote, infectologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
Pessoas que já tiveram Covid-19 precisam se vacinar?
Sim. De acordo com pesquisas recentes e especialistas, a imunidade de pessoas que já tiveram a doença dura, em média, 5 meses, e já há relatos de reinfecção pelo Sars-CoV-2. Por isso, o ideal é que, mesmo pessoas que já tiveram a doença, sejam imunizadas.
Com informações do portal Metropoles.