O recorde de internações pelo coronavírus no Rio Grande do Sul colocou o estado em alerta. Essa semana, o número de pacientes que deram entrada em hospitais em decorrência da Covid-19 teve um aumento de cerca de 40% em relação à semana anterior. Em Porto Alegre, o Hospital Moinhos de Vento, um dos principais da capital, já não tem mais leitos de UTI disponíveis -- em todo o estado, a ocupação de unidades de terapia intensiva passa de 80%.
O Rio Grande do Sul atingiu o maior nível de internações por Covid-19 desde o início da pandemia, com 3.544 pacientes em leitos de UTI pela doença nesta sexta-feira, dia 19. Desses, 51,3% necessitam de respiradores, diante de 42,9% no dia 5 deste mês.
"A partir de outubro, a situação descontrolou no estado e agora tem sido muito grave", diz Pedro Curi Hallal, reitor da Universidade Federal de Pelotas. "Com a confirmação de que a nova variante está circulando aqui, existe um risco de colapso no sistema de saúde".
A variante de Manaus, a P.1, foi detectada em Gramado, no interior do Rio Grande do Sul, na última sexta-feira, dia 12, em um paciente de 88 anos que não resistiu à doença. Segundo o Centro Estadual de Vigilância em Saúde, ele não havia tido contato com pessoas que estiveram em Manaus. As autoridades sanitárias investigam se a mutação já se espalhou pela Serra Gaúcha e outras regiões do estado.
Em Gramado, cidade de 36,5 mil habitantes, as internações em UTIs por causa da Covid-19 aumentaram 54% em 15 dias, passando de 11, no dia 1º, para 17 no último dia 16. "É um crescimento muito grande, especialmente para um município pequeno, com uma quantidade restrita de leitos", diz o cientista de dados gaúcho Isaac Schrarstzhaupt, coordenador da Rede Análise Covid-19. "Medidas mais duras são imperiosas em um momento em que a contaminação cresce de forma tão exponencial".
A mutação brasileira do coronavírus foi identificada pela primeira vez no início de janeiro, em Manaus. A variante está ligada ao aumento do número de casos no estado do Amazonas e em locais como o município paulista de Araraquara. "Há motivos de sobra para preocupação", afirma Schrarstzhaupt.
Com informações de: Exame