Paraná: 800 pessoas buscam soluções para o pós-coronavírus

Autor: Da Redação,
sábado, 02/05/2020
Divulgação

Um aplicativo que lembra os pacientes com doenças crônicas a tomarem seus medicamentos no horário e os avisa quando o remédio está prestes a acabar. Uma plataforma que ajuda instituições públicas a definirem preços-base de licitações para compras de remédios, comparando os preços praticados nos mercados local, estadual e nacional, diminuindo os custos para o sistema de saúde.

Estas são algumas das soluções que estão sendo desenvolvidas pelas equipes que participam do Hack pelo Futuro. A iniciativa é da Superintendência Geral de Inovação do Governo do Paraná para encontrar ideias inovadoras que podem ajudar o Estado a minimizar os impactos da pandemia do novo coronavírus no curto, médio e longo prazo. A Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro) também é parceira do hackathon.

A maratona de inovação, que é totalmente online, recebeu mais de mil inscrições e selecionou 800 participantes, que foram divididos em 124 equipes para desenvolver soluções que possam ser aplicadas nas áreas da saúde, economia, cultura e sociedade. São inovações que impactam, por exemplo, nos setores de comércio e serviço, na produção de eventos ou na área de saúde mental.

“Tem muitas ideias interessantes saindo do hackathon e que poderão ser aplicadas na vida real. As equipes são de alto nível, são pessoas dispostas e comprometidas com seu projeto”, afirma o superintendente de Inovação, Henrique Domakoski. “As consequências que a crise do coronavírus traz precisam de respostas rápidas e certeiras, e é isso que o hackathon propõe, a criação de produtos e serviços que podem ser aplicados rapidamente na sociedade”, diz. 

Nesta sexta-feira (1º), as equipes entregam o resultado pronto da solução criada. As três melhores soluções ganharão a oportunidade de alavancar seus projetos no Programa de Aceleração do Founder Institute Brazil.

MENTORIAS – Para desenvolver seus produtos, as equipes receberam mentoria com profissionais de diferentes áreas. São cerca de 230 mentores de vários estados e países que ficaram à disposição dos participantes para dar suporte aos projetos.

Ao longo da última semana, os grupos puderam acompanhar transmissões online com apresentação de conteúdos técnicos para terem mais embasamento no desenvolvimento dos projetos. “Pelo menos 80% desses participantes nunca tinham participado de um hackathon antes e a experiência está sendo incrível”, afirma Tiago Gavassi, fundador da startup Panic Lobster, que organiza o hackathon.

“Apresentamos a metodologia de lean startup de uma forma muito clara e prática, para ajudá-los a tirar a ideia do papel, criar um protótipo rápido e ir para o mercado validar a solução criada”, explica Gavassi. “Eles tiveram que pensar e desenvolver rapidamente um produto ou serviço que trará impacto para a sociedade, um aprendizado que eles utilizaram no hackathon mas que também levarão para dentro de suas empresas e outros projetos”, diz.

A maratona foi dividida em quatro etapas: na ideação, as equipes buscaram um problema e criaram uma tese de solução. Em seguida, na prototipagem, tiveram que desenvolver um pequeno protótipo dessa solução proposta. Depois, na validação, precisaram apresentar esse protótipo ao público-alvo para coletar feedbacks e identificar se o produto tem aderência no mercado. E por último o pitch, forma utilizada para comunicar esses projetos. Em uma semana, as equipes idealizaram e desenvolveram os projetos apresentados ao final do hackathon.

PROJETOS – As soluções criadas no Hack pelo Futuro vieram de profissionais dispostos a promover uma mudança real na sociedade. São professores, estudantes, médicos, engenheiros, entre outros profissionais que buscam melhorias para suas áreas. Foi uma oportunidade também para pesquisadores e acadêmicos tirarem seus projetos do papel.

Um exemplo é o Núcleo Interdisciplinar de Gestão Pública da Universidade Estadual de Londrina (Nigep/UEL), que atua na produção de metodologias voltadas para a gestão pública. O projeto deles utiliza uma plataforma de BI (business intelligence) que ajuda a comparar o preço de medicamentos, o que pode gerar economia e agilidade na aquisição de remédios e insumos.

A ideia é fruto de diferentes pesquisas realizadas pelo Nigep nas prefeituras de Londrina e Arapongas e no Hospital Universitário da UEL. “Durante os processos licitatórios dessas instituições, o Nigep verificou que uma das etapas que mais demanda tempo é a formação de preço, impactando de forma significativa na agilidade da aquisição de bens e serviços”, explica o professor Saulo Amâncio Vieira.

“As mentorias do hackathon auxiliaram muito na discussão sobre a ferramenta, além de oferecer soluções que poderão ser incorporadas em um futuro próximo”, afirma Vieira. “O processo de validação com possíveis usuários e com diferentes partes interessadas no projeto tem sido uma excelente experiência”, diz.

Já estudantes do curso de Farmácia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) pensaram em um aplicativo para os pacientes de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, que fazem uso contínuo de medicamentos, muitas vezes mais de um ao mesmo tempo.  

“O paciente forneceria as informações sobre os medicamentos que usa e o aplicativo iria lembrá-lo do horário para tomar e quando a medicação estivesse próxima de acabar, para ele se programar para a compra”, explica o estudante Fabrício Costa Fanhani. “O sistema também iria buscar os melhores preços de medicamentos e insumos, além de identificar as farmácias mais próximas”, conta.

A ideia já tinha surgido há cerca de dois meses, e o hackathon está ajudando a delinear os passos que a equipe precisa seguir para implementar a ferramenta. “A experiência tem nos ensinado a entender melhor como é empreender, uma visão que muitas vezes é difícil de adquirir na universidade, além de oferecer disciplina e foco naquilo que queremos”, afirma Fanhani.

O hackathon conta com a participação de estudantes e profissionais de todo o Brasil, como é o caso da equipe que desenvolve o Hub A(u)toral, formada por membros que vivem no Rio de Janeiro e no Amazonas. Influenciados pelas lives que estão fazendo sucesso na quarentena, eles querem criar uma rede que reúna artistas e produtores independentes para se organizarem em torno de projetos culturais, pensando também na divulgação de editais voltados para esse público.

“Esses profissionais estarão entre os últimos que voltarão à vida normal de trabalho depois que passar a pandemia, e ainda há uma deficiência de ferramentas e comunicação entre eles”, conta o desenvolvedor de software Luan de Abreu Dias. “Entre outras funcionalidades, o site vai conectar esses profissionais, além de contar com uma agenda cultural e um espaço para apresentações ao vivo, transmitidas pela internet, dos artistas que compõem a rede”, explica.

“Toda essa experiência do hackathon traz uma bagagem muito grande para os nossos projetos e nossas vidas. Somos uma equipe que trabalha de forma remota, de regiões diferentes, e recebemos orientações dos mentores que nos ajudaram a desmembrar e encontrar um caminho para o nosso projeto”, afirma.