Paciente relata 'graxa no pulmão' por uso de vape: 'Máquina de matar'

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 30/11/2023
Arnaldo Machado fez um relato sobre o uso do vape

"Eu tive um colapso, meu pulmão parou e aí eu passei a jornada mais cruel da minha vida por conta de um aparelho que hoje eu vejo milhares de pessoas fazendo o uso". Esse foi o relato do farmacêutico Arnaldo Machado, de 47 anos, a respeito do uso de cigarros eletrônicos, também conhecidos como vapes

O profissional concedeu uma entrevista ao G1 e falou sobre as complicações graves que teve por conta do dispositivo. Machado ficou internado por mais de um mês em um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) entre a vida e a morte. Ele alegou que não conseguia respirar, por mais que tentasse — era uma sensação de "quase morte", conforme o homem. 

"Fumar cigarro eletrônico custou sete meses da minha vida. Hoje, digo que o cigarro eletrônico é uma máquina de matar e vai, além disso, colocar nosso sistema de saúde sob pressão se continuar [nesse ritmo]", argumenta. 

O contato de Arnaldo com o cigarro eletrônico iniciou após ele ganhar um de presente. Vale salientar que o farmacêutico nunca havia fumado um cigarro comum antes de ter acesso ao dispositivo. O que o deixou "encantado" pelo pen-drive foi a essência de menta, que o levou a pensar que não seria prejudicial. 

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“Tinha um sabor de menta gostoso, suave, que até parecia inofensivo. Não tinha nada a ver com cigarro comum. Passei a usá-lo socialmente. Depois, dava umas duas tragadas por dia. Fiz isso por nove meses até ver a minha vida mudar completamente”, relembra.

Como diz o ditado popular "uma hora a conta chega", o prazer de usar vape trouxe a Arnaldo algumas preocupações. Em uma certa manhã, ele decidiu dar uma tragada, sentiu dor no peito e desistiu. No fim do dia, tentou de novo e, na sequência, teve febre e buscou o médico.

"Quando vi a imagem do meu pulmão na radiografia, eu não acreditei. Estava completamente comprometido. Dois dias depois, já não conseguia respirar. Parecia que eu estava morrendo", disse. 

Ele precisou ser intubado às pressas e, depois, fazer uma traqueostomia, enquanto os médicos corriam contra o tempo para entender o que acontecia com ele.

"O problema é que o cigarro eletrônico ele forma um vapor, aquele vapor ele forma um óleo, esse óleo atinge os alvéolos pulmonares, forma uma espécie de uma graxa e impede a troca gasosa de oxigênio com CO2 e teu pulmão entra num colapso. E foi exatamente o que aconteceu comigo", conta Arnaldo Machado.

Famosa deixa alerta

A cantora MC Loma alertou seus fãs através de um vídeo divulgado nas redes sociais. A artista alegou que não consegue mais respirar sem o auxílio de uma bombinha - prejuízo causado pelo usao do vape. 

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Ofegante durante uma caminhada, ela disparou: "Minha gente, não fumem mais vape. Tinha rios e rios de vape na minha casa e Mariely jogava sacolas no lixo, de caixas. Aí um dia parei de fumar. No que parei de fumar estou sentindo que minha respiração está melhor, mas mesmo assim eu estou ruim, tendo que usar bombinha de ar. Não fumem vape, minha gente, de verdade. Estou falando sério".

O uso do vape está ligado a síndromes como a EVALI (E-cigarette or vaping use-associated lung injury, em português "doença pulmonar associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico ou vaping"), uma doença respiratória aguda que cursa com tosse, falta de ar e dor no peito, sendo comuns também dores na barriga, vômitos e diarreias, além de febre, calafrios e perda de peso, podendo facilmente ser confundida apenas com um quadro gripal.

Riscos para a saúde

Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), além da nicotina, o produto tem mais de 2 mil substâncias químicas tão nocivas à saúde quanto o cigarro de papel. Como afirma a SBPT, já existem dados sobre os efeitos de curto prazo do uso do cigarro eletrônico.

São eles: diminuição da função pulmonar, maior risco de eventos cardiovasculares, como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e aumento do risco de crise anginosa, além de danos ao sistema imunológico. Há relatos, ainda, de maior incidência de convulsões entre os adolescentes usuários.