Mulher atacada por píton: como é possível serpente engolir humanos?

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 04/07/2024
A Indonésia se tornou um dos assuntos mais comentados por conta dos ataques

Dois acontecimentos chocantes foram registrados na Indonésia em pouco menos de um mês e se tornaram um dos assuntos mais comentados mundialmente. Isso porque duas mulheres foram engolidas por cobras da espécie píton - caso que chama a atenção, uma vez que humanos serem predados por serpentes é algo considerado incomum. 

O primeiro caso foi registrado no início de junho deste ano, quando a vítima, identificada como Farida, de 45 anos, foi atacada e engolida pelo réptil. O caso foi descoberto após moradores da província Kalumpang se reunirem para encontrá-la. A mulher havia desaparecido na noite de uma quinta-feira após sair de casa para ir a um mercado situado a poucos metros da casa em que vivia. 

Preocupado com o desaparecimento da esposa, Noni, marido de Farida, reuniu alguns moradores locais para procurá-la. A história, contudo, teve um desfecho assustador.

Após o sumiço de Farida completar quase dois dias, Noni e os vizinhos a encontraram no interior de uma cobra píton de aproximadamente 5 metros. “Abrimos a barriga e apareceu a cabeça de Farida”, disse Suardi Rosi, chefe da aldeia, em uma entrevista à imprensa.

A cobra teria cravado os dentes na perna da mulher, se enrolado em seu corpo e a sufocado. 

O segundo episódio, que viralizou na internet nessa quarta-feira (3), trata-se de uma mulher de 36 anos, identificada como Siriati, que foi encontrada morta no estômago de uma serpente píton que a engoliu inteira.

Ela estava desaparecida desde que saiu de casa na manhã de terça-feira (2) para comprar remédios para seu filho doente, disse a polícia.

A família preocupada saiu em busca dela, o marido dela achou seus sapatos e calças no chão, a cerca de 500 metros de sua casa, na cidade de Siteba. "Pouco depois, ele viu uma cobra, a uma dúzia de metros da estrada. A cobra ainda estava viva", disse à AFP o chefe da polícia local, Idul, que tem apenas um nome, como muitos indonésios.

O esposo ficou intrigado com a barriga "grande" da píton e pediu aos vizinhos que o ajudassem a abrir o estômago do réptil, onde o corpo de sua esposa foi encontrado, disse Iyang, um funcionário da aldeia.

Casos como esses são extremamente raros, mas não é o primeiro caso, várias pessoas morreram na Indonésia nos últimos anos após serem engolidas por pítons. E isso levanta uma questão: como é possível uma píton engolir um corpo humano?

A espécie, que pode chegar a medir 5,5 metros e pesar 90kg, é conhecida pela capacidade de engolir corpos com grandes dimensões (como de um humano), habilidade que, segundo um estudo da Universidade de Cincinnati, nos Estados Unidos, é fruto não apenas das grandes medidas de sua boca e corpo.

Conforme o estudo, tais répteis têm a capacidade de uma larga abertura de boca, pois o maxilar inferior é desconectado. O professor Bruce Jayne, um dos responsáveis pela pesquisa, explica que esse animal tem uma pele "superelástica" justamente nesta região do corpo, permitindo ingerir animais maiores do que suas próprias dimensões, devido às "mandíbulas altamente móveis".

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“A pele elástica entre as mandíbulas inferiores esquerda e direita é radicalmente diferente nas pítons. Pouco mais de 40% da área total de sua boca aberta, em média, é de pele elástica”, disse Jayne. “Mesmo depois de corrigir suas cabeças grandes, sua boca aberta é enorme.”

Em 2020, o professor identificou, pela primeira vez, um movimento da cobra que ele chamou de locomoção em laço, que "permite que algumas cobras escalem cilindros largos ou troncos de árvores lisos".

“É intrigante pensar sobre os diferentes limites potenciais do que os animais podem fazer na natureza”, explica. “O que a anatomia permite? O que ela limita?”

A publicação da universidade explica, ainda, que as pítons são constritoras, ou seja, "mordem suas presas e rapidamente [se] enrolam" em volta delas, "cortando fatalmente o fluxo sanguíneo vital do animal, antes de consumi-lo".