Morreu nesta sexta-feira, 15, Jaqueline Tedesco, indígena que teve 30% do corpo queimado após um acidente na cidade de Rio Grande, interior do Rio Grande do Sul. Jaqueline, que pertencia à etnia kaingang, comemorava a formatura no curso de Direito da Universidade Federal do Rio Grande (FURG,) quando se queimou em um restaurante.
O acidente ocorreu no sábado, 9, durante o reabastecimento do rechaud, recipiente onde ficam as chamas que mantêm o fondue quente. De acordo com o restaurante Le Petit, o equipamento ainda tinha resquícios de fogo, que se espalhou e feriu Jaqueline e outra mulher, uma funcionária do local. Jaqueline sofreu queimaduras de 3º grau e estava na UTI da Santa Casa de Rio Grande em coma induzido.
Na Universidade Federal do Rio Grande, Jaqueline participou do Coletivo Indígena, sendo Liderança da Casa de Estudante (CEU-FURG), bolsista do PET Popular e integrante do Diretório Central de Estudante. Ela era estagiária da Defensoria Pública do Rio Grande do Sul e foi a primeira mulher indígena a se formar por cotas na universidade.
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul instaurou inquérito para investigação das circunstâncias do caso. "Existem muitas pessoas que querem se manifestar contra o restaurante, nós negamos e somos veementemente contra. Não podemos nos manifestar contra pessoas que sequer foram indiciadas", disse Aisllana Zogbi, advogada que representa a família da jovem.
Affonso Celso Pupe Neto, advogado da equipe jurídica que defende o restaurante, afirmou que os responsáveis pelo estabelecimento mantêm posição de solidariedade no momento. "Independentemente das conclusões da autoridades, a empresa desde o princípio, e agora, persiste em prestar apoio material à família, inclusive com o funeral que foi custeado", disse.
Em nota, a Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (ArpinSul) lamentou a morte de Jaqueline e registrou sua trajetória no movimento indígena. Em 2023, ela foi eleita no Fórum de Lideranças para compor o Conselho Nacional de Política Indigenista (CNPI). Jaqueline também foi indicada para ajudar na comissão do Acampamento Terra Livre (ATL) de 2024. Com a sua formação como advogada, ela iria começar a ajudar a ArpinSul e o movimento indígena nos assuntos jurídicos.
A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), também em nota, lamentou a morte da jovem.