Uma condição rara fez com que uma bebê nascesse com quatro rins no Hospital de Sobradinho, Distrito Federal. Hoje, a pequena Isis Eloah Ferreira Alves tem 1 ano e 1 mês, mas mesmo com pouco tempo de vida já enfrentou diversas internações por ter nascido de forma prematura.
A mãe da pequena, Thalia Silva Alves, de 21 anos, conversou com a imprensa e revelou que não planejou a gravidez. Ainda conforme ela, o pai biológico de Isis não se envolveu na criação da menina.
Thalia também explicou ao G1 que a filha precisou ficar em uma incubadora logo após nascer. Até então, a equipe médica do Hospital de Sobradinho suspeitava que ela tinha nascido com apenas um rim.
Contudo, a pequena precisou ser transferida para o Hospital da Criança José Alencar, onde foi descoberto que havia grandes chances dela ter nascido com mais rins que o normal. Aos cinco meses de idade, durante uma cirurgia, os médicos confirmaram que ela tinha nascido com quatro rins.
O urologista-pediátrico Hélio Buson explicou que o caso de Isis é conhecido na medicina como "rins supranumerários" e é tão raro que existem cerca de 100 casos documentados no mundo.
O especialista ainda salientou que o problema surgiu durante a gestação, na formação dos rins. Por uma questão ainda não muito bem descoberta, pode ocorrer o desenvolvimento de mais de um rim de cada lado. “O rim é um órgão que é formado a partir de um broto, que surge do lado da bexiga. Esse brotinho vai estimular um tecido que está do lado da bexiga e se transformar em um rim. Esse broto pode ser duplicado e, a partir daí, formar um rim com dois tubos, que vão drenar esse rim ou dois rins”, disse em uma entrevista concedida ao G1.
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O médico aponta também que ter vários rins não apresenta anormalidade para o corpo. Dessa forma, a existência de mais rins pode passa despercebida ao longo da vida. Inclusive, os rins funcionam normalmente.
“As pessoas vão dizer: ‘bom, mas esses rins podem dar algum problema no futuro?’. Pode, mas também pode não acontecer absolutamente nada. Então, é necessário um acompanhamento clínico por um longo espaço de tempo, muitos anos, provavelmente até ela virar adulta”, orienta o médico.
A pequena Isis teve que ter um dos órgãos removido, segundo a urologista-pediátrica Larissa Marinho. A menina teve uma obstrução, em que muita urina ficou acumulada - o rim aumentou de tamanho e se transformou em "massa abdominal", comprimindo estômago e instestino.
“Nós constatamos por meio de exames que esse rim, além de obstruído, já não funcionava como rim, ou seja, não filtrava mais o sangue. Por isso, chegamos à conclusão de que esse rim deveria ser retirado”, lembra a médica.
Conforme a mãe da criança, Thalia Silva Alves, após a retirada do rim, a filha não teve mais complicações. “No momento ela está estável da função renal, apenas tem algumas outras complicações causadas pelo tempo de intubação, pois nasceu prematura”.
Por ter nascido prematura e ficado muito tempo em sedação, Isis tem um pulmão bem frágil, segundo a mãe. Por isso, toda gripe que contrai acaba se transformando em uma pneumonia, sendo necessária a internação.
Segundo Hélio Buson, após a cirurgia, o quarto rim de Isis foi encaminhado para estudo. O especialista explica que o órgão não pode ser doado, pois nesse caso, a vascularização é diferente do esperado e pode causar problemas no corpo que o recebesse.
“Quando você tem rins supranumerários os vasos sanguíneos não são totalmente normais. Então, pegar um rim de uma pessoa que tem esse tipo de malformação e doar para um outro, você iria provocar um problema muito grande para quem vai receber esse rim. Ele não tem vasos sanguíneos que possam ser facilmente aproveitados para fazer um transplante”, explica o urologista-pediátrico.
Com informações do G1.