O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou a ideia de o governo federal investir recursos da União para a construção de moradias provisórias aos cidadãos gaúchos diante das enchentes que acometem a região. A fala do chefe do Executivo, contudo, ocorre dias após o governador do Estado, Eduardo Leite (PSDB), ter anunciado a instalação de 500 casas provisórias em três regiões afetadas pelas enchentes.
A declaração de Lula ocorreu nesta terça-feira, 11, durante anúncio de acordos indenizatórios às famílias proprietárias de moradias em edifícios da Região Metropolitana de Recife. A fala do petista foi fechada, mas divulgada posteriormente pela Secretaria de Comunicação Social (Secom).
No discurso, Lula disse ter comunicado ao ministro das Cidades, Jader Filho, que o governo federal não fará investimentos em casas provisórias. "Tem sempre a ideia de que é preciso cuidar para fazer uma casa provisória. Eu falava: Não tem casa provisória", comentou.
"É melhor dizer a verdade para o povo, é melhor dizer que destruir é muito rápido, construir é muito demorado, mas a gente vai ter que encontrar terreno sólido, vai ter que fazer casa com rua, com esgoto, com água, com energia elétrica, com área de lazer para as crianças, com escola", acrescentou Lula. "Porque a gente não pode fazer o pessoal, depois do que passaram no Rio Grande do Sul, voltar a morar em lugar inóspito, em lugar inseguro."
Na sexta-feira, 7, Leite anunciou que 500 casas provisórias serão instaladas em três regiões afetadas pelas enchentes: Eldorado do Sul (250), Região Metropolitana (100) e Vale do Taquari (150). De acordo com o governo gaúcho, as unidades são destinadas às famílias cujas casas foram totalmente destruídas ou estão com estrutura condenada.
As unidades habitacionais serão em construção modular com base metálica e terão 27 metros quadrados. Elas contarão com um dormitório, sala/cozinha conjugadas e banheiro, mobiliário planejado e eletrodomésticos. O prazo de entrega é de 30 dias a partir da liberação do terreno, segundo informações do governo estadual.
No início da tragédia do Rio Grande do Sul, Lula e Leite falavam sobre a união entre os Poderes para enfrentar a crise. Contudo, especialmente após o governo federal nomear Paulo Pimenta como ministro designado para acompanhar a reconstrução do Estado, a relação se distanciou.
Auxiliares do Lula avaliam que o tucano não tem feito acenos de agradecimento ao petista. "Nem um 'obrigado' ele fala", afirmou um integrante do governo. Na semana passada, o governador tentou se reunir a sós com Lula para pedir novas medidas ao Estado. Na terça-feira passada, dia 4, Leite viajou a Brasília e, no dia seguinte, pediu um encontro com o chefe do Executivo no Palácio do Planalto.
O petista, contudo, negou a agenda para um "café" com mais governadores, que também foram à sede do Executivo federal para participar de um evento em ocasião ao Dia Mundial do Meio Ambiente.
Nesta quinta-feira, 6, Lula e Leite estiveram juntos em agenda de Lula no Rio Grande do Sul durante a manhã, quando fizeram uma visita à cidade de Cruzeiro do Sul. Porém, na ida a Arroio do Meio, o governador não acompanhou o petista para participar de agendas internas do Estado.