O juiz Luís Gustavo Vasques, da 2ª Vara Criminal de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, recebeu nesta sexta-feira (15) a denúncia do Ministério Público contra o anestesista Giovanni Quintella Bezerra. O médico vai responder como réu pelo crime de estupro de vulnerável, após ser flagrado em vídeo no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, no último domingo (10).De acordo com a denúncia, o crime foi cometido contra mulher grávida e com violação do dever inerente à profissão. Para preservar e resguardar a imagem da vítima foi decretado sigilo no processo.
Em sua decisão, o juiz destaca que a denúncia oferecida pelo Ministério Público preenche os pressupostos legais para o seu recebimento. "A esse respeito, destaco que a denúncia contém a exposição dos fatos criminosos, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado, a classificação do crime e o rol de testemunhas", escreveu o magistrado.
O crime foi filmado através de um celular escondido em um armário do centro cirúrgico. A equipe de enfermagem na unidade, em posse das gravações, comunicou imediatamente os fatos à chefia do hospital, que acionou a Polícia Civil. No local, os policiais realizaram a prisão em flagrante do denunciado e o conduziram à delegacia.
Na última terça-feira (12), o anestesista teve a prisão em flagrante convertida em preventiva durante audiência de custódia.
O UOL tenta contato com os advogados de Bezerra.
Polícia investiga outros 30 procedimentos
A Deam (Delegacia de Atendimento à Mulher) de São João de Meriti, responsável pelo caso, informou que investiga ainda mais de 30 possíveis casos de estupro de pacientes que foram atendidas por Bezerra.
A delegada Bárbara Lomba, explicou que a delegacia vai analisar caso a caso. "São mais de 30 pacientes identificadas [também] em outros hospitais e nós vamos continuar identificando. Não são relatos ainda. Nós precisamos investigar. Primeiro fazer uma triagem, saber o tipo de procedimento, o que aconteceu e aí vamos aprofundando" De acordo com as investigações, Bezerra atuava há pouco tempo como anestesista. Segundo a delegada, ele estava há dois meses no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, onde ocorreu o estupro, mas segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), o médico prestava serviço há seis meses como Pessoa Jurídica também em outras duas unidades - o Hospital da Mãe em Mesquita, também na Baixada Fluminense, e no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, zona norte da capital.
A delegacia já solicitou às unidades os prontuários de todas as pacientes atendidas por ele. A delegada chegou a classificar o médico como criminoso em série.
"Pela repetição das ações criminosas que nós observamos e pela característica compulsiva das ações do indiciado, nós podemos dizer que é um criminoso em série. Com todas as informações que coletamos até agora, tudo indica que a sedação era feita para a prática do estupro".
De acordo com depoimentos à Polícia Civil, o médico agia sempre da mesma forma: sedava totalmente as pacientes - o que não é comum em uma cesariana e montava uma estação de trabalho que encobria o rosto delas. Ele utilizava também roupas largas e capotes cirúrgicos - que não eram usados por demais anestesistas.
CRM suspenso
O Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro suspendeu o CRM do médico. Apesar de estar preso, Bezerra está impedido de exercer a medicina até que o conselho conclua o processo de sindicância aberto contra ele. A sanção máxima adotada contra ele poderá ser a cassação do seu registro. A decisão cabe recurso no Conselho Federal de Medicina.
Com informações: UOL