Um rapaz, de 18 anos, que tinha uma síndrome rara, morreu na última terça-feira (25) no momento em que estava deitado ao lado da esposa, de 19. A jovem, identificada como Beatryz Novaes de Almeida, ficou sem entender o que houve e revoltada, pois, poucos dias antes do companheiro falecer, procurou atendimento médico em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), em Anápolis, Goiás, para poder dar fim às dores que sentia.
Gustavo Henrique da Silva foi à unidade de saúde na última sexta-feira (22) com fortes dores no peito. No local, ele foi diagnosticado com ansiedade exacerbada.
O profissional de saúde que atendeu Gustavo o liberou e receitou dipirona. Mas, conforme Beatryz, o medicamento foi ineficaz.
Até a segunda-feira (24), o rapaz continuou a sofrer com dores no peito. Já na terça-feira (25), ele acordou melhor, aparentando não sentir desconforto na região torácica, contudo, à noite, morreu enquanto estava deitado com a esposa, jogando no celular. "Ele morreu na minha frente. A gente estava conversando e, do nada, pareceu que acabou o assunto. Quando fui ver, ele tinha morrido", disse Beatryz em uma entrevista ao G1.
Durante conversa com a equipe de reportagem do G1, a mulher relatou que o marido chorava e gritava de dor. "Ele sentia muita dor. Ele chorava. Se ele levantava, ele ficava tonto. Ele estava agoniado", afirmou.
De acordo com Beatryz, o esposo deveria receber um atendimento especializado, visto que ele era portador da Síndrome de Marfan, doença que afeta tecidos conjuntivos, causando alterações principalmente do sistema cardiovascular, musculoesquelético e oftalmológico.
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A ida à instituição de saúde não foi o suficiente para aliviar as dores, relembra a viúva. "Chegamos em casa e ele continuou passando mal. Perguntei se ele queria ir de novo, mas ele disse que não ia adiantar, porque não tinham resolvido", contou.
Gustavo foi diagnosticado com a síndrome quando ainda era criança. Esse fator o tornou incapaz de trabalhar e, por conta disso, era aposentado. Beatryz disse que a mãe dele tinha a mesma doença.
O G1 entrou em contato com o Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humanos (INDSH) para recolher mais informações sobre o episódio. A instituição, por sua vez, informou que Gustavo estava com um quadro de dor torácica atípica, com ansiedade exacerbada, sem comorbidades e sem queixa semelhante no passado. Além disso, o jovem passou por um eletrocardiograma, que não apresentou alterações.
No entanto, apesar da INDSH dizer que o jovem não tinha comorbidades, Beatryz explica que, durante o atendimento médico, ela e o marido explicaram à equipe sobre o fato de Gustavo ter o diagnóstico prévio da síndrome.
Na declaração de morte, um tamponamento cardíaco e a síndrome de Marfan são citadas como causas da morte. O jovem foi velado e sepultado na quarta-feira (26) em Anápolis.
Nota do Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humanos
O Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humanos (INDSH) - organização social responsável pela gestão da UPA Alair Mafra de Andrade - informa que o paciente G.H.S.M., 18 anos, foi atendido no dia 22 de abril com quadro de dor torácica atípica, com ansiedade exacerbada, sem comorbidades e sem queixa semelhante no passado.
Foi realizado eletrocardiograma na unidade, sem alteração isquêmica aguda, com dor solucionada após uso de analgésico comum, sendo liberado de alta, com orientação de retorno se piora ou novos sintomas, além de consulta ambulatorial com cardiologista, caso necessário.
Após a alta, o paciente não retornou à unidade com queixas semelhantes.
As informações são do G1.