A Índia, país mais atingido pela pandemia do novo coronavírus na Ásia, relatou nesta sexta-feira (7) um salto diário recorde de infecções, que levou o total de casos a mais 2 milhões. O aumento ocorre em meio a uma greve de profissionais de saúde.
Mais de 3,5 milhões de profissionais, na linha de frente dos esforços para combater a covid-19, entraram em greve de dois dias, a partir de hoje, em busca de melhores salários e equipamentos de proteção adequados.
"Pelo menos 100 profissionais de saúde morreram de covid-19 no país até agora, mas nenhum seguro lhes foi dado pelo governo", disse a secretária do Centro de Sindicatos, A. R. Sindhu, que participa da paralisação.
Ativistas de Saúde Social Credenciados, ou ASHA’s, são os profissionais de saúde reconhecidos pelo governo e que geralmente são os primeiros pontos de contato em locais economicamente desfavorecidos, onde há acesso limitado ou indireto a instituições de saúde. Eles têm conduzido checagens de porta a porta para rastrear pacientes de covid-19.
Um total de dez sindicatos, representando os profissionais, que também incluem motoristas de ambulância e cozinheiros em centros comunitários, se juntaram à greve. A maioria deles trabalha sob contratos com os governos estaduais, com salário mensal de 3 mil rúpias indianas (US$ 40,02).
"Em alguns lugares, tivemos muita dificuldade para chegar às casas, especialmente nas regiões montanhosas. As casas ficam muito afastadas umas das outras e precisamos chegar a elas a pé", disse Nagalakshmi.D, uma líder sindical dos trabalhadores em Karnataka, estado do sul do país, à Reuters. "Quando chove, temos que cruzar os rios de barco e também usar cordas nas pontes", disse ela.
Com infecções se espalhando cada vez mais em pequenas cidades e áreas rurais, especialistas dizem que a epidemia na Índia deve estar a meses de atingir o pico, colocando mais pressão em um sistema de saúde já sobrecarregado na nação de 1,3 bilhão de pessoas.
A Índia é o terceiro país a ultrapassar a marca de 2 milhões de casos de covid-19, atrás apenas dos Estados Unidos e do Brasil.
A Índia tem registrado uma média de aproximadamente 50 mil novos casos por dia desde meados de junho, mas especialistas dizem que sua taxa de testes, de 16,03 a cada milhão de pessoas, é muito baixa.
"Um país do tamanho e diversidade da Índia tem múltiplas epidemias em fases diferentes", disse Rajib Dasgupta, chefe do Centro de Medicina Social e Saúde Comunitária da Universidade Jawaharlal Nehru, em Nova Delhi.