Um servidor público de 32 anos aplicou um contragolpe no WhatsApp depois de receber pedidos de transferência de dinheiro e decidir enganar o golpista — que, na esperança de ganhos mais altos, chegou a depositar R$ 228 na conta de quem acreditava ser uma potencial vítima.
O servidor público que mora em Brasília e recebeu um pedido de ajuda financeiro enviado pelo número de um amigo de São Paulo, no final de 2021. Mas, já avisado do uso indevido do telefone, passou a engajar com o emissor da mensagem e resolveu contra-atacar.
Ao site UOL, Nicolas contou que o amigo em questão já havia avisado que havia sido vítima de um assalto e que o celular dele foi levado por criminosos. "Eu já saquei que não era ele conversando comigo na hora", conta. Na mensagem, o golpista diz que precisa de dinheiro para "um pagamento particular" e pede por uma transferência de R$ 1.980.
Segundo Nicolas, o golpista pedia por uma transferência pelo PicPay, fintech brasileira que permite a realização de PIX por meio do cartão de crédito, com a cobrança de uma taxa. "Eu falei que estava sem dinheiro na conta e que iria transferir o valor utilizando o cartão. Aproveitei e emendei a história dizendo 'Você lembra que está me devendo também?' E ele caiu".
Na troca de mensagem, ele diz que precisa de volta os R$ 200 que foram supostamente emprestados para o amigo e que o golpista poderia aproveitar o momento para sanar a dívida. No PIX, o golpista ainda acrescentou R$ 28 da taxa de transferência do cartão, totalizando os R$ 228. Em um trecho da conversa, ele diz que precisa deste valor ainda naquela data para pagar o "arroba" - primeira palavra que ele disse ter vindo à cabeça no momento - a um amigo, chamado Dan.
Em parte da conversa, que não foi salva por Nicolas, ele ressalta que faria a transferência pelo cartão de crédito com um valor maior, de R$ 2.180, e assim pede que a dívida seja sanada antecipadamente. Ele ainda diz que, mais tarde, o golpista poderia, por fim, pagar a dívida em questão com dinheiro em espécie.
Nicolas já havia bloqueado o contato e avisado para o amigo que ele havia sido vítima de uma tentativa de golpe. Na ocasião, outros dois contatos do amigo paulista tinham caído na armadilha e feito a transferência de R$ 1.980. "A pessoa tinha pedido o mesmo valor para todo mundo. A conta do PicPay era de uma mulher, mas imagino que seja uma conta falsa. O meu amigo registrou um boletim de ocorrência."
Apesar do susto, familiares de Nicolas não tiveram a mesma sorte meses antes. Segundo o servidor público, o padrasto dele acabou caindo em um golpe semelhante em setembro do ano passado. "Entraram em contato com ele como se fossem representantes de algum marketplace para confirmar uma publicação e ele teve o celular clonado. Alguns parentes dele acabaram, na inocência, fazendo as transferências."
Com informações do UOL