O enviado especial para o clima dos Estados Unidos, John Kerry, alertou nesta quarta-feira, 18, sobre o risco de as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio desviarem o foco da agenda climática, enquanto as emissões de carbono continuam, assim como os conflitos, provocando mortes.
"Os eventos na Ucrânia e no Oriente Médio talvez tornem difícil abraçar as questões climáticas (...). Conforme a crise na Ucrânia e no Oriente Médio se desdobra, com pessoas morrendo neste momento, um fato permanece: as mudanças climáticas estão tomando vidas no mundo todo", afirmou Kerry durante participação online em congresso sobre sustentabilidade em São Paulo.
Ele citou estatísticas da Organização Mundial da Saúde (OMS) que apontam a morte de 7 milhões de pessoas a cada ano no mundo apenas pela poluição do ar. "Essa crise continua", pontuou o enviado especial americano para o clima na abertura do congresso, promovido pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).
Após dizer que o mundo hoje gasta bilhões de dólares com tragédias ambientais, quando poderia fazer esses investimentos para prevenir essas tragédias, Kerry considerou que o Brasil tem papel central no enfrentamento da crise energética global, sendo assim razoável a escolha de Belém, no Pará, para sediar, em novembro de 2025, a COP-30, como é chamada a conferência sobre mudanças climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo o enviado do governo americano, a agricultura brasileira é exemplo de que é possível melhorar a produtividade do solo com padrões mais altos de sustentabilidade. "Podemos explorar muito menos terras e produzir muito mais."
Ele ressaltou que os cientistas já deixaram claro a urgência da redução em 43% das emissões globais até 2030 e a neutralidade de carbono até 2050, como prometido pelos países no Acordo de Paris. "Temos muitos governos que se comprometeram, e é isso que farão", disse Kerry.