A França abriu uma investigação antiterrorismo após dois jornalistas serem esfaqueados em Paris nessa sexta-feira (25), próximo à antiga sede da revista satírica Charlie Hebdo.
O premiê francês, Jean Castex, que se dirigiu às pressas para o local, disse que o principal suspeito foi preso e que os feridos não correm risco de morte.
Uma segunda pessoa também estava sob custódia após o ataque, no qual testemunhas disseram que um cutelo ou uma faca de açougueiro havia sido usado como arma.
Uma vizinha afirmou que viu sangue no chão e pessoas puxando uma mulher ferida para um prédio que abriga uma agência de notícias.
Trabalhadores que reparavam a via disseram a ela que "um homem de pele escura bateu aleatoriamente em uma senhora com uma grande faca de açougueiro", em frente a um mural que serve como memorial às vítimas do ataque de 2015.
Uma fonte policial afirmou que o principal suspeito tinha 18 anos, era conhecido dos serviços de segurança, nasceu no Paquistão e foi preso com sangue sobre ele. Uma segunda fonte disse que um cutelo foi encontrado no chão perto de uma estação de metrô.
O ataque foi realizado no que Castex disse ser um "lugar simbólico" e coincidiu com o início do julgamento de 14 supostos cúmplices do ataque de 2015. Em 2 de setembro, 14 pessoas foram a julgamento em Paris, acusadas de serem cúmplices do ataque às instalações da Charlie Hebdo em janeiro de 2015, que matou 12 pessoas.
O tribunal ouviu que o grupo havia tentado vingar o profeta Maomé, quase uma década depois de a revista publicar desenhos que satirizavam o líder religioso islâmico.
A Promotoria Nacional Antiterrorismo afirmou que está investigando o caso. "O governo está determinado, por todos os meios, a combater o terrorismo", afirmou Castex, acrescentando que as duas vítimas do ataque estavam em uma pausa para fumar.
Ódio gratuito
Nathan Messas, que mora em frente à antiga sede da Charlie Hebdo, viu a polícia saindo de uma estação de metrô com um jovem algemado. "Mais uma vez, ódio, ódio gratuito. Estive aqui há cinco anos. Cinco anos depois, estamos de novo. Não sei quando isso vai acabar", disse.
A polícia retirou o diretor de Recursos Humanos da Charlie Hebdo de sua casa nesta semana, após ameaças de morte.
Imagens de TV mostraram, nessa sexta-feira, ambulâncias, caminhões de bombeiros e policiais isolando a área ao redor da antiga sede da Charlie Hebdo. Paul Moreira, jornalista da produtora Premieres Lignes, disse à BFM TV que dois de seus colegas foram feridos. "Foi alguém que estava na via com um cutelo que os atacou em frente aos nossos escritórios. Foi assustador", disse ele.
A França vivenciou uma onda de ataques de militantes islâmicos nos últimos anos. Em novembro de 2015, bombas e tiros atingiram a casa de shows Bataclan e outros locais ao redor de Paris, matando 130 pessoas. Em julho de 2016, um militante islâmico avançou com um caminhão sobre a multidão que comemorava o Dia da Bastilha em Nice, matando 86.
A principal líder da oposição francesa Marine Le Pen, de extrema-direita, disse que a política do governo era covarde. "Quantas vítimas teríamos evitado controlando estritamente nossa política de imigração, deportando sistematicamente pessoas ilegais ao combater o islamismo?", tuitou ela, sem fornecer qualquer informação sobre o histórico do responsável pelo ataque.