Takashi Morita, comerciante japonês e sobrevivente da bomba atômica em Hiroshima, foi homenageado nesta sexta-feira, 1, por estudantes e professores da Escola Técnica Estadual (ETEC) Santo Amaro, na zona sul de São Paulo, antecipando seu centenário que acontece no sábado, 2.
Desde 2019, a escola carrega o nome de Morita, reconhecendo sua luta contra os efeitos da radiação, efeito químico gerado pelos explosivos que vitimou a população japonesa mesmo depois dos bombardeios. Segundo Ana Calaça, diretora da instituição, as comemorações acontecem anualmente, sempre com a presença do patrono que faz questão de ter participação ativa na unidade.
"Ele gosta de estar aqui com a comunidade. É um momento muito enriquecedor para nós. Ter o nosso patrono ainda vivo, dando toda sua representatividade, é um momento de muita alegria", afirma a diretora.
Acompanhado pela filha e amigos, estes também hibakusha, termo dado para os sobreviventes dos bombardeios atômicos, Morita participou das celebrações, que incluíram homenagens, parabéns, danças e percussões japonesas. A organização do evento contou com a participação de docentes, servidores e alunos da unidade.
Sofia de Melo, estudante de 16 anos envolvida na preparação, expressou gratidão pela cerimônia e oportunidade promovidas na escola. "Daqui a dez anos, mesmo em casa, continuarei comemorando o aniversário do senhor Morita. Marcou muito a nossa vida; vamos poder dizer que nos formamos em uma escola onde o patrono fez 100 anos, e demos conta de fazer a festa", celebrou.
História
Takashi Morita tinha 21 anos quando o bombardeio aconteceu: a explosão em Hiroshima ocorreu a cerca de 1,3 quilômetro de onde ele estava, mas não deixou sequelas graves no então policial militar. Contribuindo ativamente para a reconstrução pós-guerra em sua terra natal, ele enfrentou duas vezes a leucemia, mas conseguiu alcançar a cura em ambas.
Entendendo que encontraria boas oportunidades no Brasil, embarcou aos 32 anos com sua esposa e dois filhos em 1956. Após uma jornada de 42 dias pelo oceano, a família desembarcou no Porto de Santos, enfrentando inicialmente desafios significativos, devido à barreira do idioma. Ao longo do tempo na capital paulista, foram conquistados pela paixão brasileira pelo futebol e pela acolhida da população.