Na última sexta-feira (24), o Globo Repórter foi até Portugal visitar o Parque Natural da Arrábida, ao Sul de Lisboa, e conheceu um caracol endêmico da região. Segundo o naturalista e espeleólogo Francisco Rasteiro, além de só existir por lá, a espécie tem uma particularidade interessante “Só existe na Arrábida e, durante uma vida ele só anda mais ou menos 9 metros”, disse Rasteiro.
Os caracóis vivem na maior falésia calcária do litoral europeu — são mais de 380 metros de altura, com um caminho tomado por uma planta conhecida como Carrasco-da-Arrábida. Dura e áspera, ela chega a incomodar quem faz a trilha até o topo.
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Francisco comanda o núcleo de espeleologia da Costa Azul. Ele diz que viveu no topo da falésia gigante durante sete meses. “Fiz coisas que nunca imaginei fazer, né, montar uma casa numa árvore sozinho. (...) Caçava javalis, tinha uma horta”, contou.
A vida no Parque Natural parece protegida, mas Francisco já percebeu os efeitos das mudanças climáticas: “Chove muito pouco, antigamente chovia 700 milímetros por ano, agora chove por volta de 150, 200”. Com a Arrábida mais seca, o número de insetos está cada vez menor — alterando o equilíbrio natural.
Além disso, as pedreiras são uma preocupação. Elas avançam pelos limites do parque, impulsionadas pelo “boom” das construções imobiliárias em Portugal. Sesimbra, por exemplo, já foi vila de pescadores, e mais que dobrou de tamanho nas últimas décadas.
Fonte: g1.