Durante cinco anos, Maya, uma cadela da raça husky siberiano, gerou um filhote atrás do outro para satisfazer a ganância de criadores ilegais de cães, em Goiânia (GO). Sem nunca descansar, sem nunca saber o que é amor.
Paraplégica, após sofrer uma pancada violenta nas costelas, fora alguns machucados terríveis e problemas de saúde irreversíveis, Maya não “servia mais para procriar”, sua única utilidade para os criminosos, sendo reduzida a um objeto descartável.
Mas o pesadelo de Maya, a matriz da “fábrica de filhotes” para venda, chegou ao fim em 2016. 🙏
O resgate
O caso chegou até a estudante Silvia Rayssa, que sempre salvou e ajudou animais em situação de rua, por meio de uma denúncia. “Se não bastasse tudo o que fizeram e negaram a ela, queriam dar veneno de rato para ‘acabar com seu sofrimento'”, relata Silvia.
Chegando no canil, Silvia viu uma cena de terror. “Ela bebia o próprio xixi e comia as próprias fezes. Estava totalmente desnutrida e muito machucada. Maya enfrentava uma anemia muito severa e estava com várias alterações no fígado, pâncreas e rins”, conta.
A luta pela vida
Um dos momentos mais tensos para Silvia foi quando Maya precisou fazer uma transfusão de sangue que não poderia esperar. Ainda que extremamente debilitada, Silvia conseguia ver no olhar da cadela sua vontade de viver.
Maya passou um ano inteiro realizando tratamentos, incluindo fisioterapia e o acompanhamento de um nefrologista, que se estende até hoje, pois foi diagnosticada com doença renal crônica, além de ter sido castrada.
“Sabe uma coisa que eu acho surpreendente nela? A incrível capacidade de adaptação. Ela sempre soube que não voltaria a andar. No dia [em] que eu a coloquei na cadeira de rodas, ela saiu andando como se aquilo fosse algo natural. Foi lindo de ver!”
Encontro de almas
Silvia não mediu esforços para salvar Maya, mas afirma que a cadela fez muito mais por ela.
“Não chega nem aos pés do que ela fez por mim. Sempre amei os animais desde pequena. Mas a Maya me deu um novo propósito. Ela me fez entender o porquê estou aqui… É o amor da minha vida.”
Nada tira da cabeça de Silvia que ela e Maya estavam destinadas a ficarem juntas. Era uma questão de tempo até uma entrar – e transformar (!) – a vida da outra.
“Antes da Maya aparecer na minha vida, eu havia pedido pra Deus um animal grande e especial. O que eu senti no meu coração após isso, não tenho palavras pra descrever”, conta.
Punição aos criminosos
A Lei Sansão foi sancionada apenas no ano passado. Portanto, os criadores ilegais não receberam punição pelos maus-tratos contra Maya dentro do que a lei determina. “Se fosse hoje, eu imagino que o desfecho teria sido outro”, diz Silvia.
Pois agora, quem maltratar cães e gatos pode pegar de dois a cinco anos de prisão, pagar multa e ser proibido de adotar outro animal. A lei ainda prevê a punição de estabelecimentos comerciais que facilitarem o crime.
À Silvia e Maya, desejamos uma vida recheada de momentos felizes, por muitos anos e além! 🙏💜