O governo austríaco decidiu impor um lockdown às pessoas não vacinadas contra o novo coronavírus, a partir desta segunda-feira (15), com a aproximação do inverno e o aumento das infecções na Europa. A Alemanha também impõe limites de circulação mais rígidos e o Reino Unido expande a aplicação de reforço da vacina para incluir adultos jovens.
Nas últimas semanas, a Europa tornou-se novamente o epicentro da pandemia. Com isso, alguns países voltaram a considerar a retomada de restrições no período que antecede o Natal e ampliaram o debate sobre as vacinas, se elas, por si só, são suficientes para conter a pandemia.
A chegada do inverno no Hemisfério Norte preocupa as autoridades, já que o vírus se espalha mais facilmente nos meses de frio, quando as pessoas se reúnem dentro de casa.
Na semana passada, a Europa foi responsável por mais da metade da média de infecções em todo o mundo e cerca da metade das últimas mortes, de acordo com uma contagem da Reuters. São os níveis mais altos desde abril do ano passado, quando o vírus estava em seu pico inicial na Itália.
Governos e empresas temem que a pandemia prolongada atrapalhe a ainda frágil recuperação econômica.
O governo da Áustria, conservador, disse que cerca de 2 milhões de pessoas no país, de cerca de 9 milhões de habitantes, agora só têm permissão para deixar suas casas em alguns casos, como ir ao trabalho ou fazer compras de itens essenciais.
Há, no entanto, um ceticismo generalizado, inclusive entre os conservadores e a polícia, sobre como o bloqueio pode ser aplicado - será difícil verificar, por exemplo, se alguém está indo para o trabalho, o que é permitido, ou indo fazer compras para não itens essenciais, o que não é.
"Meu objetivo é muito claro: fazer com que os não vacinados sejam vacinados, não prender os não vacinados", disse o chanceler Alexander Schallenberg à Rádio ORF enquanto explicava o bloqueio, que foi anunciado nesse domingo.
O objetivo é conter o surto de novas infecções, alimentadas por uma taxa de vacinação total de apenas cerca de 65% da população, uma das mais baixas da Europa Ocidental.
Nova onda
O governo federal da Alemanha e os líderes dos 16 estados do país devem discutir novas medidas nesta semana.
Três ministros de saúde estaduais alemães pediram às partes que negociam para formar um novo governo. O objetivo é prolongar o poder dos estados de implementar medidas mais rígidas, como bloqueio ou fechamento de escolas, à medida que a taxa de incidência de covid-19 de sete dias atingia níveis recordes.
A chanceler Angela Merkel pediu às pessoas não vacinadas que reconsiderem sua decisão,em mensagem de vídeo divulgada no sábado (13).
"Semanas difíceis estão à nossa frente, e você pode ver que estou muito preocupada", disse Merkel em seu podcast semanal. "Peço urgentemente a todos que ainda não foram vacinados: reconsiderem."
A França, a Holanda e muitos países da Europa Oriental também estão enfrentando um surto de infecções.
A Grã-Bretanha deve estender a aplicação de doses de reforço da vacina para pessoas entre 40 e 49 anos, disseram autoridades hoje, para aumentar a imunidade em declínio antes dos meses mais frios de inverno.
Atualmente, todas as pessoas a partir de 50 anos, aqueles que são clinicamente vulneráveis e os profissionais de saúde da linha de frente são elegíveis para reforços.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse que não vê necessidade de mudar para um "Plano B" de mandatos de máscaras e passaportes vacinais, embora esteja cauteloso com o aumento de infecções na Europa.
"Estamos mantendo o Plano A", disse ele em uma transmissão nesta segunda-feira. "Mas o que certamente temos que reconhecer é que há uma tempestade de infecções em algumas partes da Europa. Sempre existe o risco de que uma nova onda venha do leste, à medida que os meses ficam mais frios. A melhor proteção para o nosso país é que todos se apresentem e recebam seu reforço."