Aposentada sofre parada cardíaca e morre após dar à luz gêmeas em SP

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 22/12/2022
Ela e o marido, Alexandre Carvalho, de 49 anos, realizaram a fertilização 'in vitro' há cerca de um ano

Uma aposentada, de 54 anos, morreu uma semana depois de realizar um de seus maiores sonhos, que era se tornar mãe, em São Vicente, São Paulo. Rosemeire Aparecida Ribeiro deu à luz gêmeas e, após alguns dias, acabou sendo vítima de uma parada cardíaca. 

De acordo com as informações do G1, a mulher começou a passar mal no último fim de semana, sentindo falta de ar. Ela procurou atendimento médico e, no momento em que estava no Hospital Ana Costa, em Santos, litoral de São Paulo, morreu ao sofrer uma parada cardíaca.

A equipe de reportagem do G1 conversou com a irmã de Rosemeire, a administradora de empresas Célia Regina. Ela contou que a irmã sentiu falta de ar e ficou inchada devido uma retenção de líquido durante a gestação. Além disso, ela informou que, apesar do parto tem sido um sucesso, a mulher continuou a sofrer com os problemas. 

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"O parto foi tranquilo, mas ela continuou inchada e sentindo falta de ar. Os exames foram realizados no hospital [onde as gêmeas nasceram], mas verificaram que não era trombose e ela foi liberada. Em casa, começou a se sentir mal e foi para o Hospital Ana Costa. [Depois, foi] transferida de unidade e, em Santos, teve uma parada cardíaca. Eles fizeram de tudo, mas não conseguiram reverter", explicou.

Célia explicou que Rosemeire e o marido, Alexandre Carvalho, de 49 anos, realizaram a fertilização 'in vitro' há cerca de um ano para conseguirem ter filhos. A administradora garantiu que tudo foi feito com precaução. 

"Foi uma gravidez planejada. Ela não tinha pressão alta ou diabetes. Antes de fazer a fertilização, passou por todos os protocolos. Ela falava que, se um único resultado desse 'alguma coisa' [negativa], com uma margem mostrando que não poderia [realizar o procedimento], não colocaria uma criança no mundo. Foi muito cuidadosa", comentou Célia Regina.

Alguns cardiologistas foram consultados para analisar o caso. De acordo com os especialistas, a causa da morte da mulher pode ter uma relação com os procedimentos de fertilização, além de passar por uma 'gestação de risco', que pode ser classificada, entre diversos fatores, com a gravidez abaixo dos 15 anos e acima dos 35. 

O médico Marcelo Pilnik explicou que a parada cardíaca é "consequência de uma arritmia cardíaca". O profissional explicou também que "a principal causa do problema, que leva a uma parada cardiorrespiratória, é o infarto agudo do miocárdio".

O médico cardiologista Rider Nogueira de Brito Filho, por sua vez, acrescentou que, 'atrás' de uma parada cardíaca, pode existir uma questão patológica, ou seja, relacionada a doenças, ou "qualquer coisa que esteja agredindo de forma muito intensa no organismo da pessoa, que acaba causando a morte. O último 'evento' desse processo é a parada cardíaca".

Procedimentos para engravidar

Ainda de acordo com o o médico Marcelo Pilnik, não há 'ligação direta' entre os procedimentos para engravidar e a ocorrência de parada cardíaca, porém, é preciso que sejam realizados com cautela. "Temos que tomar cuidado com a dose dos hormônios que são usados, pois se usados de maneira inadequada, podem causar fenômenos tromboembólicos [formação de trombo]".

O médico Rider Nogueira apontou que alguns riscos podem estar envolvidos, uma vez que, em sua maioria, a fertilização assistida seria procurada por pessoas com idades mais avançadas.

"Algumas coisas têm que ser levadas em conta, como o uso de hormônios durante esse tipo de tratamento. O aumento da chance de trombose, hipertensão arterial e outras coisas que podem estar envolvidas. Para que o tratamento seja adotado, é muito importante uma análise médica e prévia da paciente", complementou Rider Nogueira.

Cardiologistas sobre gravidez após os 50 anos

Segundo Marcelo Pilnik, mulheres aos 50 anos normalmente já estão na menopausa e, nesse período, estão mais propensas a terem eventos cardiovasculares - infarto e Acidente Vascular Cerebral, o AVC -, "principalmente se associado a presença de outros fatores de risco, como hipertensão arterial, diabetes, tabagismo, dislipidemia e obesidade".

Apesar disso, o profissional ressalta que, em geral, "não existe uma contraindicação cardiológica para engravidar nesta faixa etária, desde que a paciente controle muito bem alguma eventual comorbidade que aumente o risco cardiovascular".

O médico Rider Nogueira ressaltou o conceito de 'gestação de risco'. "No caso em questão, qualquer gestação acima dos 35 anos, ou abaixo dos 15, é considerada dessa forma. Além disso, podemos citar a presença de conflitos familiares, situação conjugal instável, uso de drogas ilícitas, álcool, fumo, riscos ocupacionais, entre outros, acabam levando a gente a considerar uma gestação de risco".

As informações são do G1.