As secretarias de Planejamento e Projetos Estruturantes e da Fazenda divulgaram nesta quinta-feira (16) o primeiro boletim com a conjuntura fiscal, econômica e social do Paraná diante dos impactos da pandemia do novo coronavírus. O documento será atualizado semanalmente.
O boletim apresenta projeções, comparações com outros países, níveis das atividades econômicas (indústria, comércio e serviços), gráficos de mobilidade e isolamento social, quantidade de empresas em pleno vapor e a balança comercial estadual.
O estudo indica, por exemplo, que 21 mil estabelecimentos do Simples Nacional e 4,5 mil do Regime Normal estavam fechados no dia 9 de abril. Os dados foram apurados a partir da amostra de emissão de documento fiscal em cinco cidades do Paraná: Curitiba, Londrina, Maringá, Cascavel e Foz do Iguaçu.
No comparativo entre a primeira semana de março e a primeira de abril, houve redução na quantidade de estabelecimentos que emitiram esses documentos fiscais. No comércio varejista, a queda foi de 34%; na indústria, de 30%; e no comércio atacadista, 22%.
O relatório também aponta redução média de R$ 56 milhões no recolhimento de ICMS, principalmete no setor de combustíveis, por semana desde o começo de março, quando foram ampliadas as orientações para evitar aglomerações para conter a disseminação do novo coronavírus.
POSITIVO – As exportações paranaenses espelham os bons indicadores do Porto de Paranaguá e continuam estáveis. Entre os estados do Sul, apenas o Paraná registrou aumento no volume de embarques em janeiro, fevereiro e março. Houve queda de apenas 0,1% no valor total das exportações no primeiro trimestre de 2020 em comparação com o mesmo período do ano passado. Os destaques positivos foram para as vendas de veículos (+94,9%), torneiras e válvulas (+1054%) e açúcar bruto (81,8%).
Os índices de exportação medem o impacto do comércio bilateral com os principais parceiros comerciais do Paraná (China, Estados Unidos, União Europeia e Argentina, por exemplo), os produtos mais destacados da balança comercial e a variação de receita, volume e preços na comparação com São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
TRANSPARÊNCIA – “O Governo do Estado tem o compromisso de ser transparente com a sociedade”, afirma o secretário de Planejamento e Projetos Estruturantes, Valdemar Bernardo Jorge, um dos idealizadores do relatório. “O boletim ajudará o setor produtivo e os paranaenses a se guiarem durante a crise econômica. Nesse momento precisamos trabalhar em cima de cenários bem realistas para buscar as melhores soluções para a retomada”.
O boletim é dividido em cinco grandes núcleos temáticos. A primeira parte usa bases externas de dados - bancos nacionais, organismos internacionais e empresas privadas - e indica projeções do Produto Interno Bruto (PIB); variações cambiais; saída de capital do País; indicadores macroeconômicos das variações setoriais de países como Estados Unidos e China; e informações de venda e faturamento nominal de bens duráveis e não duráveis.
A maioria dos demais indicadores foi construída a partir de análises de técnicos da Receita Estadual e do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). São números mais próximos da rotina diária das pessoas. Os principais recortes são o de empresas em atividade, inclusive com índice municipal, e o volume de arrecadação do ICMS no comércio varejista, na indústria e nos combustíveis.
A robustez do comércio é avaliada a partir do volume de vendas de hipermercados e supermercados; farmácias; lojas de materiais de construção, eletrodomésticos, veículos novos e vestuário; e restaurantes e lanchonetes. As vendas de materiais de limpeza e de medicamentos, por exemplo, foram mais intensas de 2 a 22 de março, quando o País chegou a assistir procura por estocagem de material, na comparação com as últimas três semanas.
IMPACTO DA CRISE – De acordo o secretário de Fazenda, Renê Garcia Junior, o boletim apresentará semanalmente cenário diferente daquele projetado originalmente para 2020. A projeção apontava recuperação da economia brasileira, uma supersafra de grãos no Estado, investimentos privados contratados de pelo menos R$ 20 bilhões e obras estruturantes de R$ 2 bilhões destinadas aos municípios.
“A crise econômica terá um impacto aproximado de pelo menos R$ 2 bilhões na arrecadação nos próximos quatro meses. A queda na circulação de pessoas e mercadorias colidiu com o equilíbrio fiscal alcançado no ano passado”, afirmou o secretário. “O Estado tem indústria e agronegócio imponentes, é símbolo de plantas diversificadas e produção tecnológica. O coronavírus mudou a estratégia e o Governo passou a direcionar todos os recursos para a rede de Saúde. Mas vamos retomar o caminho dessa tradição”.