Depois de 31 horas de espera ancorado perto da cidade de Porto Willians, no Chile, o tempo melhorou e surgiu a chamada janela climática que permitiu o navio Almirante Maximiano seguir em frente. A embarcação partiu às 5 horas da manhã em direção ao temido Estreito de Drake, ponto de encontro dos oceanos Pacífico e Atlântico, onde as ondas podem chegar a 11 metros de altura. O motivo de ficar mais de um dia aguardando foi justamente para passar pelo Drake num momento mais favorável. A expectativa é de que as ondas não vão ultrapassar os 4 metros de altura.
Antes de entrar no Drake o Almirante Maximiano navegou pelas águas turbulentas dos últimos quilômetros dos canais chilenos. O Comandante do Navio, o Capitão de Mar e Guerra, Cândido Marques, acompanhou toda a operação do Passadiço, a cabine de onde a embarcação é controlada. “É preciso ficar muito atento neste trecho final antes de entrar no Drake porque na região existem muitas pedras e pequenas ilhas que podem ficar parcialmente submersas pelas ondas”.
Quatro horas depois da retomada da viagem entramos no estreito, a última etapa antes de chegar na Antártica. A travessia deve durar dois dias e neste período a recomendação é permanecer a maior parte possível do tempo dentro dos quartos porque o navio vai balançar bastante. Para reduzir as chances de um acidente os militares amarraram mesas, cadeiras e todos os outros objetos móveis do Almirante Maximiano.
A entrada no Drake mudou a rotina a bordo. A Praça D’Armas, que é o local das refeições e ponto de encontro da tripulação para assistir televisão, ficou quase vazia. Um cenário que deve se repetir até a chegada na península antártica onde o mar volta a ficar calmo. Durante a passagem pelo Drake normalmente quem mais trabalha é a médica do navio por causa dos casos de enjoo e mal estar.
Desde que fiquei sabendo que iria atravessar o Estreito de Drake aguardava este momento com ansiedade e também com um pouco de medo. Os três dia a bordo do Almirante Maximiano me deixaram mais calmo e seguro. Conversei com vários integrantes da tripulação e todos contaram histórias parecidas. “O Navio balança bastante, quase todo mundo sente um pouco de enjoo, mas é um problema passageiro e a chegada na Antártica acontece em segurança”.
Nos próximos dias vamos continuar surfando as ondas do Drake, e se tudo ocorrer dentro do previsto, vamos atracar sábado(11) na Antártica para acompanhar a reinauguração da Estação Comandante Ferraz. A cerimônia está marcada para terça-feira(14) e a TV Brasil vai transmitir o evento ao vivo.
Estação Comandante Ferraz na Antártica - Mauricio de Almeida - TV Brasil
O Governo Federal investiu cerca de US$100 milhões de dólares na reconstrução da Estação que ocupa uma área de 4500 metros quadrados e poderá hospedar 64 pessoas. O novo centro de pesquisas é mais moderno e maior do que o anterior. Antigamente existiam 5 laboratórios e depois da reinauguração o número vai passar para 17.