Ecologistas da Universidade de Sydney, na Austrália, estimam que cerca de 480 milhões de animais – incluindo mamíferos, pássaros e répteis – morreram em decorrência dos incêndios florestais que assolam o país desde setembro. Milhares de pessoas foram obrigadas a deixar suas casas e, até o momento, 17 mortes humanas foram confirmadas. Cerca de 4 milhões de hectares foram destruídos pelas chamas.
Os coalas foram uma das espécies mais atingidas pelas chamas. A ministra do Meio Ambiente, Sussan Ley, disse em uma entrevista para a rádio ABC, que 8.000 foram mortos, o que abrange 30% da população desses animais em Nova Gales do Sul, o Estado australiano que mais sofre com os incêndios.
Vídeos e fotos de animais correndo por suas vidas ou pedindo água à humanos tomaram as redes sociais da Austrália. Em um vídeo publicado pela imprensa local, cangurus são avistados fugindo às pressas das chamas que se alastravam rapidamente. Em outro, bombeiros dão água a um coala sedento em uma área próxima do fogo.
Em novembro de 2019, um vídeo do resgate de um coala viralizou nas redes sociais. As imagens mostraram uma mulher entrando na floresta em chamas após ter avistado o animal vagando e chorando por conta dos ferimentos. Batizado como Ellenborough Lewis, o coala foi sacrificado pouco tempo depois por causa das queimaduras sofridas.
Fuga de milhares
O governo australiano iniciou o deslocamento de milhares de pessoas em várias cidades da costa sudeste da Austrália e declarou estado de emergência no Estado de Nova Gales do Sul.
“A prioridade hoje é combater incêndios e deixar as pessoas em segurança”, disse o primeiro-ministro, Scott Morrison, a repórteres em Sydney. “Há partes tanto de Vitória quanto de Nova Gales do Sul que foram completamente devastadas, com perda de energia e comunicações”.
Oito pessoas foram mortas por incêndios florestais nos dois Estados desde segunda-feira 31, e mais 18 ainda estão desaparecidas. Atualmente, o governo apenas confirma 17 mortes, no total.
Morrison é criticado dentro de seu país. Negacionista da mudança climática, disse que não voltará atrás em sua política ambiental. Em uma visita a cidade de Cobargo, onde três pessoas morreram e dezenas perderam suas casas, o primeiro-ministro foi chamado de “idiota” e informado que não era bem vindo. Morrison abandonou rapidamente o local.
Céu vermelho como sangue
A Austrália vive uma das suas piores crises climáticas com os incêndios florestais e uma onda de calor que atinge facilmente os 40° durante o dia. A fumaça liberada pelas labaredas transformou o dia em noite em Sydney, uma das principais cidades do país.
A fuligem transformou o azul do céu da cidade de Mallacoota em vermelho, tal qual um cenário apocalíptico, enquanto milhares de pessoas abandonavam suas casas.
Mas a fumaça não ficou restrita à Austrália. Na Nova Zelândia, a fuligem dos incêndios posou sobre as geleiras localizadas na porção sul do país. Montanhistas registraram na quarta-feira 1 a súbita mudança da cor da neve: do branco ao marrom.
Não há trégua à vista para os bombeiros que combatem as chamas. A previsão é que as temperaturas no país ultrapassem os 40° no fim de semana, o que pode ocasionar o aumento das labaredas. Até o momento, 916 casas foram destruídas, 363 danificadas e 8.159 foram salvas, segundo o Serviço de Incêndio Rural.
(Com Reuters/VEJA)