O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pediu hoje (17) à comunidade internacional, reunida em Genebra no 1º Fórum Mundial sobre Refugiados, que faça "muito mais para assumir a responsabilidade coletiva" por aqueles deslocados.
"É hora de responder de forma mais justa às crises dos refugiados, compartilhando as responsabilidades", disse na abertura do Fórum.
O evento foi organizado nas Nações Unidas exatamente um ano após a adoção, em Nova Iorque, de um Pacto Global sobre Refugiados, que deveria fornecer uma resposta coletiva aos movimentos massivos dos deslocados.
A questão da partilha da responsabilidade sobre os refugiados divide os países ricos e emergentes.
Os países pobres ou em desenvolvimento, que abrigam 80% dos refugiados do mundo, dizem que são deixados a enfrentar sozinhos um fardo pesado para as suas economias e as suas sociedades.
"A comunidade internacional deve fazer muito mais para assumir essa responsabilidade coletivamente", disse António Guterres, explicando às autoridades reunidas em Genebra que "os países em desenvolvimento abrigam admiravelmente a grande maioria dos refugiados e precisam de mais apoio".
"Nós não somos completamente desprovidos", disse Guterres, pedindo uma resposta "coletiva" para essa questão.
Com um recorde de 71 milhões de deslocados em 2018, incluindo mais de 25 milhões de refugiados, "as perspetivas são sombrias", observou o Alto Comissário o das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi.
Grandi também pediu à comunidade internacional que "não feche os olhos à realidade" da crise dos refugiados, o que ajudaria aqueles que "instrumentalizam" o seu destino "para fins políticos".
Para transformar as intenções das Nações Unidas em ação, Grandi aguarda, acima de tudo, contribuições "financeiras", "assistência material" ou até propostas de recolocação de refugiados.
O Global Refugee Forum terminará na próxima quarta-feira em Genebra, é promovido pelo Alto Comissariado da ONU para os Refugiados e assinala, segundo a organização, o fim de uma "década tumultuosa" que ficará marcada por um número recorde: mais de 25 milhões de pessoas no mundo são refugiadas.
Com a co-organização da Suíça e a cooperação de cinco países (Costa Rica, Etiópia, Alemanha, Paquistão e Turquia), este primeiro fórum global, que contará com a presença de governantes, líderes da ONU, instituições internacionais, organizações não-governamentais (ONG), empresas e representantes da sociedade civil, teve na segunda-feira uma sessão preparatória, estando previstas para hoje e para quarta-feira as sessões de alto nível.
Portugal está representado pelo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, e pela secretária de Estado para a Integração e as Migrações, Cláudia Pereira.