Mãe de duas meninas negras, a atriz Samara Felippo sempre compartilha reflexões e alertas a respeito do racismo ainda muito presente na sociedade - e, recentemente, ela fez um duro relato sobre a primeira vez que presenciou uma situação de preconceito contra as filhas durante a formatura de uma delas.
No Instagram, Samara publicou uma foto com Alícia e escreveu um texto afirmando que tudo aconteceu na festa de formatura da menina. “Eu sempre falo, escrevo mas nunca tinha passado com minhas filhas por uma situação de racismo. E pela primeira vez me deparei diretamente com o que muitos passam DIARIAMENTE”, disse.
Segundo ela, as crianças brincavam em um parquinho enquanto os pais conversavam no salão em que o evento ocorria e, em dado momento, uma delas chamou a mãe dizendo: “Mãe, tem dois adolescentes zoando e implicando com a gente”. Samara então foi até o local para averiguar, e se deparou com uma situação triste.
“Os xingamentos para minha filha eram: marrenta, neguinha do cabelo ruim. O clássico do racismo naturalizado”, afirmou, ressaltando que os meninos que estavam importunando outras crianças eram brancos e tinham cerca de 14 anos. Extremamente irritada - como qualquer pai ficaria -, ela então defendeu as filhas.
“Fui que nem um bicho para cima dos moleques e falei tudo que tenho vontade pra racistas, mesmo os [que] ainda nem sabem que são”, disse Samara, que segue abalada com a situação e usou a publicação para refletir sobre como se sente agradecida pela forma que escolheu para criar as filhas.
“Agradeço ao que me fez sair da minha bolha branca e ter desde cedo esclarecido minha filha, enaltecido sua esperteza, beleza, coragem, seu cabelo, sua pele, suas raízes… E feito ela sair dessa situação de cabeça erguida e fortalecida. E assim continuo fazendo. Sei que não será a primeira e nem última vez que ela passará por isso”, disse.
Além isso, ela também lembrou que pessoas negras sentem o racismo todos os dias. “Se eu como mulher branca cheia de privilégio, minhas filhas negras mas ainda assim com seus privilégios, seja por classe social ou tom de pele (sim, tom de pele conta nesse país!! Quanto mais preta a pele mais preconceito sofre-se, leia sobre colorismo) passamos por isso, imagina quantas meninas pretas passam todos os dias?”, escreveu.
Em seguida, ela comparou sua irritação à das pessoas que passam por isso, afirmando que se ela, mesmo branca, está entristecida pensando na situação até agora, quem sofre há séculos com esse tipo de humilhação tem todo o direito de reagir com raiva. Nos comentários, diversas pessoas enviaram mensagens de apoio a ela e suas filhas.
Via, Vix.