A Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento vai ampliar o número de agências que financiam o programa Trator Solidário. Uma parceria assinada nesta terça-feira (03) possibilitará a entrada do Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob) no financiamento do programa, dando mais condições de atendimento ao agricultor familiar.
O Trator Solidário permite ao agricultor familiar beneficiado comprar um trator, colhedora ou pulverizador por preços até 15% mais baratos em relação aos de mercado. O Sicoob vai disponibilizar até R$ 80 milhões para financiar a compra de tratores e demais equipamentos para as safras 2019/20 e 2020/21.
Com esse valor poderão ser adquiridos até 200 tratores, 30 pulverizadores e 50 colhedoras, calculou o diretor do Departamento de Economia Rural( Deral), da Secretaria da Agricultura e Abastecimento, Salatiel Turra. O sistema Sicoob possui 259 agências no Paraná.
Assinaram o convênio o secretário da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara; o diretor de Gestão do Sicoob, Márcio de Souza Gonçalves; o diretor-presidente da Fomento Paraná, Heraldo Alves das Neves, e o presidente do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Natalino Avance de Souza.
ACESSO A MÁQUINAS - O programa Trator Solidário é operado atualmente por instituições financeiras como Banco do Brasil e Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), que atua por meio das também cooperativas de crédito vinculadas Sicredi e Cresol. “É mais um braço de operação, mais uma porta de atendimento no interior do Paraná”, disse o secretário Norberto Ortigara.
Ele lembra que o agricultor familiar é o alvo da ação. “O programa se destina a eles, que têm mais dificuldade de financiar em condições normais. Por isso, estabelecemos um preço que é o menor do Brasil, é uma forma que encontramos de permitir que milhares de agricultores tenham acesso a máquinas e implementos para conduzir sua arte de produzir alimentos para o Brasil”.
MODERNIZAR - O objetivo do programa é modernizar a frota e fixar o homem no campo. O Trator Solidário é executado em parceria entre a Secretaria da Agricultura e Abastecimento, que faz a gestão do programa; a Fomento Paraná, que faz a gestão financeira, e o Instituto Emater, responsável pela seleção dos produtores e elaboração dos projetos.
“Tínhamos uma restrição no nosso regulamento que restringia a bancos oficiais, mas agora temos a oportunidade de trazer outros agentes financeiros, o que é bom. A concorrência sugere preços e juros menores”, disse o presidente da Fomento, Heraldo Alves das Neves.
“Essa parceria está muito ligada ao nosso propósito, que é humanizar as relações financeiras”, afirmou o diretor de Gestão do Sicoob, Márcio de Souza Gonçalves. “Nossa missão é promover o cooperativismo financeiro, ajudando a comunidade onde atuamos de maneira sustentável”, afirmou.
PROGRAMA - O programa Trator Solidário é executado pelo Governo do Paraná há 12 anos, sendo responsável por 13 mil tratores nesse período. No início o programa financiava apenas tratores de pequeno porte. Recentemente passou a financiar também colhedoras e pulverizadores.
Num arranjo firmado entre a Secretaria da Agricultura e Abastecimento, fábricas de tratores e equipamentos e instituições financeiras, é possível financiar a compra dessas unidades com taxas de juros do Pronaf – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – de 4,6% ao ano com prazo de financiamento de até sete anos e 14 meses de carência para pagar.
Segundo Salatiel Turra, do Deral, a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento emite todo ano uma resolução fixando o preço que as fábricas ou concessionárias credenciadas são obrigadas a praticar aos agricultores contemplados. Atualmente, um agricultor familiar pode comprar um trator de 75 cavalos de potência por aproximadamente R$ 108 mil.
Para participar desse tipo de financiamento, o agricultor familiar precisa ir até a Emater local, que vai elaborar seu projeto para melhorar e modernizar o processo de produção na propriedade. O agricultor escolhe qual instituição financeira quer para financiar sua compra e também a fornecedora onde pretende adquirir o equipamento, desde que sejam cadastradas pelo programa. Sendo aprovada a proposta pelo comitê gestor, o Deral encaminha para a fabricante do equipamento cadastrado que vai entregar o bem ao agricultor.
EQUIVALÊNCIA PRODUTO - Outro benefício ao agricultor é a correção financeira do equipamento pela equivalência produto, que, no caso do Paraná, será corrigido pelo preço mínimo do milho, fixado pela Conab – Companhia Nacional de Abastecimento.
No momento da compra, o preço do equipamento é convertido em sacas de milho, o que dará a dimensão exata ao produtor de quanto ele terá que pagar desde o início até o fim do contrato.
Quando ocorrer o vencimento da parcela, se o preço médio do milho no Paraná, divulgado pelo Deral, estiver abaixo do preço mínimo de quando foi cotado, a diferença a ser paga à instituição financeira será bancada pelo Fundo de Desenvolvimento do Estado (FDE), por meio da Fomento Paraná.
“Essa é a equivalência produto, que garante ao produtor corrigir o preço do bem pelo valor do milho e garante à instituição financeira o recebimento do valor fixado pelo contrato de compra”, esclareceu Turra. “Nesses 12 anos, foi paga a diferença em equivalência produto no valor de cerca de R$ 500 mil, apenas”, afirmou.