Vício da internet é comparado ao do álcool e das drogas

Autor: Da Redação,
terça-feira, 19/02/2019
Vício da internet é comparado ao do álcool e das drogas

Você passa muito tempo online? A jornalista Flávia Santos, 27 anos, de Apucarana, achou que passava tempo demais conectada e resolveu dar um tempo nas navegações e os resultados foram surpreendentes. 

Ela conta que há alguns meses vinha passando por uma fase difícil de auto aceitação em vários sentidos. “Ficava o tempo todo pensando em como as pessoas conseguiam ter vidas tão “perfeitas”. Eu passava grande parte dos meus dias procurando padrões para seguir e isso, inconscientemente, foi pesando e interferindo na minha saúde mental”, explica. 

Flávia conta que ficava em média 5 horas em redes sociais, como WhatsApp e Instagram, todos os dias. Nos finais de semana esse tempo aumentava. “Achei que estava exagerando no período conectada e resolvi fazer um detox digital durante dois meses. Não pude abandonar o Facebook, mas o Whats e o Insta, que eram meus vícios, eu desativei”, conta. 

Partindo deste pensamento de que o excesso de horas nas redes sociais estaria fazendo mal para sua saúde, Flávia descobriu que poderia sim viver um pouco desconectada. “Meu celular estragou e foi o pontapé inicial para que eu decidisse me afastar por um período. Fiquei sem Instagram e Whatsapp, o Facebook, mas aquilo não me afetou. Estou voltando aos poucos e esse tempo me fez abrir os olhos para muita coisa. Foi e está sendo uma experiência ótima”, comemora. 

Flávia conta que, além de ocupar o tempo com atividades que realmente importam, passou a perceber situações que antes passavam incógnitas. “Um exemplo é quando vou almoçar em um restaurante e vejo que as pessoas almoçam com uma mão e com a outra não desgrudam do celular. Seja tirando foto, falando no WhatsApp, “fuçando” no Instagram e, sem perceber, não curtem aquele momento na companhia de alguém ou até mesmo sozinho”, acrescenta. 

Na opinião de Flávia, não estar conectada o tempo todo foi a melhor coisa que fez. “Foi um período intenso de autoconhecimento e aceitação. Me sinto mais leve, saudável e consegui compreender até onde é bacana estar conectado. Leio algum livro, estudo, voltei a fazer atividade física, consigo dar mais atenção ao meu filho, tenho mais tempo para conversar com as pessoas que convivem comigo”, conta. 

Apesar de estar em um momento de detox digital, a jornalista acredita que as redes sociais são úteis quando bem utilizadas. “Tem muita coisa interessante e importante, mas devemos ter limites e bom senso para que seja algo que acrescenta no dia a dia”, reforça.

 (Jornalista Flávia Santos, 27 anos. Foto: Sérgio Rodrigo)


ALGUMAS DICAS PARA QUEM QUER FAZER UM DETOX DIGITAL:

1. Determine uma hora limite para manter o celular ligado à noite
Por exemplo: desligue o telefone sempre entre a hora de dormir e acordar. Assim, você estabelece uma rotina para garantir algumas horas offline todos os dias.
2. Ignore o smartphone quando estiver com outras pessoas
3. Evite comer em frente ao computador ou levar o smartphone para a mesa de jantar
4. Bloqueie as notificações
5. Estabeleça horários e um limite de tempo para navegar
6. Ignore as notificações na tela do smartphone, mesmo que se acumulem
7. Mantenha o telefone no silencioso durante o trabalho 

UM TEMPO PARA A MATERNIDADE 

A nutricionista Mônica Vermelho Paovezzi, 32 anos, resolveu dar uma pausa nas redes sociais após o nascimento da filha, hoje com um ano e meio. “Pensei que precisa dava mais atenção à ela, pois minha filha percebe que fico no celular. Por isso, deletei o Facebook no ano passado, antes das eleições. Eu também já estava cansada do Face e aquilo não agregava mais nada para minha vida. Foi uma libertação e agora curto mais minha filha e momentos reais com ela”, conta. 

Além do Face, Mônica saiu de vários grupos de WhatsApp, mas manteve o Instagram. “Mesmo conectada ao Insta, pisei no freio agora nesse começo de ano e quase deletei a rede social, mas fiquei sem coragem porque tenho muitas fotos e momentos felizes postados. Porém, ficar vendo stories o tempo todo, eu não fico mais. Chegava a ficar mais de 3 horas”, recorda.


VÍCIO DA INTERNET É COMPARADO AO DE ÁLCOOL E DROGAS 
Para a psicóloga Rayssa Nogueira, de Apucarana, o fácil acesso aos instrumentos tecnológicos trouxe uma série de benefícios. “Nos conectamos com o mundo e obtemos informações de modo instantâneo. Porém, quando não conseguimos estabelecer limites para o uso destas ferramentas, temos de parar para refletir”, acredita. 
O desligar-se desta vida digital, segundo a profissional, pode trazer inúmeros benefícios, como melhora nos relacionamentos interpessoais, aumento da memória e na qualidade no sono.

De acordo com Rayssa, o vício se dá quando a pessoa passa a deixar de fazer atividades do cotidiano para estar neste mundo digital, deixando de se relacionar com as pessoas a sua volta para ficar online ou cancelando um compromisso para ficar jogando vídeo game, por exemplo. “A dependência tecnológica é comparada ao vício em álcool e drogas. A internet permite que você crie um perfil com a imagem de como você quer ser visto pelas pessoas, o que pode ser uma fuga ou distorção da realidade vivida”, complementa.

A psicóloga cita sinais de que há uma dependência: apresentar instabilidade emocional quando o uso da internet é restrito, mentir quanto ao tempo que ficou conectado, apresentar irritabilidade ou estar deprimido, insônia, adiar ou cancelar compromissos para fazer uso destas ferramentas. 

“É importante fazer a seguinte reflexão: estou deixando de aproveitar a companhia de meus familiares e amigos presentes à minha volta enquanto estou acessando minhas redes sociais? Deixo de fazer algo para ficar conectado? Quando a tecnologia prejudica outras áreas da vida é um sinal de alerta onde a pessoa precisa delimitar horários para acessá-la e se dedicar mais a outras atividades como, por exemplo, ler um livro ou fazer exercícios físicos. Em casos mais graves procurar atendimento psicológico. Fazendo esta reflexão, o uso da tecnologia deixa de ser um processo mecânico e passa a ser algo racional”, acrescenta.