A criptomoeda é um tipo de moeda virtual que utiliza a criptografia para garantir mais segurança em transações financeiras na internet. Da mesma forma que a moeda tradicional possui números de série ou listras ocultas em seu interior para evitar falsificações, a criptomoeda também utiliza códigos que são muito difíceis de quebrar.
Existem diversos tipos de moedas virtuais, além do Bitcoin, que é a mais conhecida. O Coin Market Cap, site de capitalizações do mercado de criptomoeda, reúne informações relevantes das 1.195 criptomoedas existentes.
E como é criada uma moeda virtual?
Esse também é um processo diferente de tudo que costumamos pensar a respeito de dinheiro. As criptomoedas são "mineradas" por milhares e milhares de computadores, conectados em uma rede específica para a criação da moeda virtual. Cada computador registrado nesta rede roda um programa com base em complexos algoritmos para a criação da criptomoeda, e quem tiver mais poder de processamento tem preferência no recebimento dos lotes para mineração.
Bitcoin
O Bitcoin foi a primeira moeda digital criada por uma pessoa que se apresenta pelo pseudônimo Satoshi Nakamoto e cuja identidade nunca foi comprovada e que agora divide a lista com mais de mil e trezentos outros tipos de criptomoedas pela web, como Dash, Monero, Ripple, Ethereum e litecoin.
Com uma proposta revolucionária em relação ao mercado financeiro tradicional, uma vez que se trata de um ativo que não é controlado por nenhum tipo de Banco Central, o assunto é tão novo – o bitcoin apareceu em 2008 - e controverso que faltam até especialistas para falar sobre o assunto. Quem se aventura nesse mercado, faz por conta própria.
Por trás do Bitcoin, Nakamoto criou um sistema chamado blockchain (em português, sistema de blocos), que basicamente significa um sistema unificado e seguro. Imagine uma foto tirada por smartphone, você consegue vê-la, no entanto, ela é composta de milhares de pixels.
No blockchain, é como se cada pixel se encontrasse em um computador diferente, ou seja, para conseguir roubar essa foto, é necessário invadir milhares de computadores, tornando uma tarefa impossível.
Petro, a criptomoeda da Venezuela lastreada ao petróleo
Em fevereiro deste ano, o governo da Venezuela ativou a pré-venda do petro, a criptomoeda estatal do país que teve como lastro 5,342 bilhões de barris de petróleo e que procura gerar um "sistema financeiro mais justo", segundo presidente Nicolás Maduro. A informação é da EFE.
Ether
Essa é uma "moeda" diferente da bitcoin. Os próprio criadores da ether não a consideram uma criptomoeda, pois é utilizada em uma rede chamada de Ethereum, que tem um funcionamento todo único. Dentro dessa rede, a ether é conhecida como token e serve de pagamento para diversas transações realizadas — por isso ela é vista mais como um "combustível" para manter a rede do que uma moeda.
A Ethereum é, da mesma forma que a bitcoin, uma rede descentralizada. Mas o seu principal foco é disponibilizar um local onde possam ser desenvolvidas aplicações, bem como contratos inteligentes. Por conta disso, a rede possui diversas contribuições de desenvolvedores que constroem projetos complexos em cima da Ethereum.
Inclusive, dentro da rede, é possível fazer o levantamento de valores para serem revertidos no investimento e desenvolvimento dessas ideias — os chamados ICOs, ou Ofertas Iniciais de Moedas. Esses ICOs funcionam mais ou menos como uma rodada de investimentos de Oferta Pública Inicial (IPO), que é quando uma empresa abre o capital pela primeira vez na bolsa de valores — mas com as suas devidas diferenças.
Litecoin
Essa também é bastante conhecida. A litecoin é vista como uma alternativa à bitcoin e tem como objetivo solucionar diversas questões problemáticas que estariam por trás da moeda de Satoshi Nakamoto.
O grande impulso para a litecoin conseguir ficar no mesmo patamar que a bitcoin aconteceu em maio desde ano. Primeiro, porque a moeda foi adotada pela Coinbase, uma das principais casas de câmbio de moedas digitais. Depois, a litecoin implementou a tecnologia de testemunha segregada (chamada de SegWit, ou do inglês Segregated Witness), e isso corrigiu alguns dos problemas que a bitcoin relutava em endereçar, adicionando capacidade à rede e reduzindo taxas nas transações.
Zcash/Monero
As duas criptomoedas são tecnicamente muito diferentes, mas voltadas para a resolução de um mesmo problema: transações anônimas.
A blockchain da bitcoin, apesar de ser bastante transparente — afinal, como explicamos anteriormente, todas as transações são devidamente registradas e estão disponíveis para quem quiser ver —, ela também permite certo grau de anonimato. Isso é ótimo para pessoas que utilizam a moeda para transações ilícitas, como compra e venda de armas e drogas e até mesmo lavagem de dinheiro.
A principal diferença está na blockchain: a da zcash é parcialmente pública, enquanto a da monero é completamente fechada. O ponto principal que elas entregam nesse sentido: privacidade, tanto para o bem quanto para o mal.
Isso significa, na prática, que usuários maliciosos podem ter a privacidade que gostariam para fazer transações ilegais, mas isso também vale para usuários que não querem que outros saibam quanto dinheiro acabaram de gastar em determinada aquisição.
Tezos/EOS/Bancor
Essas são apenas especulações. Os três projetos ainda não foram completamente lançados, mas já arrecadaram mais de US$ 100 bilhões (cada um) em rodadas de ICOs — então, eles parecem ser promissores.
A bancor é uma plataforma que permite a criação de tokens digitais. Já a tezos é uma alternativa à Ethereum. A EOS, por sua vez, é outra concorrente que promete resolver a questão de escalabilidade da Ethereum, fornecendo ferramentas mais robustas para a criação de aplicações na plataforma.
Vale ressaltar que o sucesso de um projeto depende da adoção de usuários. Portanto, resta esperar para ver como elas vão se sair.
Como comprar dinheiro virtual?
No caso do Bitcoin, para comprar a moeda digital, é preciso ter uma conta em uma Exchange (que basicamente é uma corretora), se a exchange for brasileira, a quantia será transferida em real. A grande maioria das exchange tem um valor mínimo para a compra, que em média é de R$250. Após a validação da quantia transferida, o interessado compra o correspondente em Bitcoin.
Após comprar o Bitcoin é importante não deixar todo o dinheiro digital parado na corretora. O comprador pode copiar o código do Bitcoin comprado e guardar em um cofre, por exemplo, ou baixar uma e-wallet (carteira virtual), que serve, assim como a carteira usada no dia a dia, para a moeda digital. É uma medida de segurança. Se deixar guardado apenas no computador e perder o equipamento, ou este for roubado, você perde o dinheiro.
Outra pergunta frequente é se é possível comprar serviços ou objetos com Bitcoin. Na internet isso possível. Algumas empresas – incluindo redes de varejo – vem ofertando essa possibilidade.
Investir é ilegal?
Atualmente o Bitcoin e as outras moedas estão à margem da legislação brasileira, mas isso deve mudar. Um projeto sobre o tema deve ser discutido numa comissão especial feita só para tratar do assunto na Câmara dos Deputados neste ano. O projeto nem começou a tramitar ainda e já causa polêmica. Enquanto alguns deputados defendem a regulamentação das criptomoedas, outra linha pensa em tornar ilegal a transação.
O posicionamento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de proibir gestores e administradores de fundos de investir diretamente em bitcoins e outras criptomoedas leva em consideração a possibilidade de uma lei negativa.
Apesar da proibição de que fundos invistam diretamente em criptomoedas, a CVM ainda não chegou a uma conclusão no que diz respeito à aplicação indireta, ou seja, fundos locais que compram cotas de fundos no exterior que investem em ativos ligados a criptomoedas. Isso poderia ser feito por meio de contratos futuros de bitcoin, como os negociados na Bolsa de Chicago.
Ainda que o bitcoin não seja regulamentado, os lucros obtidos com as transações e revertidos em Real, por exemplo, devem ser declarados, a fim de pagamento do Imposto de Renda.