Gerente dos Correios é assassinada pelo ex-marido dentro da agência no Paraná

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 21/02/2018
Foto: Reprodução/Rede Sul Notícias

A gerente da agência dos Correios de Foz do Jordão, Vania Mara de Mello, 37 anos., foi assassinada na tarde de terça-feira (20), dentro do local de trabalho. Ela levou um tiro na cabeça do ex-companheiro que invadiu a agência. O homem, após assassiná-la, trancou-se no banheiro e também tentou se matar, no entanto, foi socorrido e levado com vida para o hospital de Candoi, onde faleceu no mesmo dia. O crime chocou a todos no município de cinco mil habitantes, que fica a 100 km de Guarapuava, região centro-sul do Paraná.

Vânia ingressou nos Correios em 2001, como carteira, trabalhou em Guarapuava e era gerente em Foz do Jordão. Era tida como uma pessoa muito querida pela comunidade. De acordo com informações coletadas com o delegado que está cuidando do caso, os celulares dela e do assassino foram apreendidos e enviados para a perícia, mas ao que tudo indica, já havia mensagens de inconformismo do ex-companheiro, pelo término do relacionamento. No entanto, o delegado ainda estava levantando se Vania tinha algum boletim de ocorrência registrado ou pedido de medidas protetivas, mas até  o início da tarde dessa quarta-feira, nenhum registro havia sido localizado.

O secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios, Marcos Rogério Inocêncio (China), lamenta e repudia a morte da colega ecetista. “Esse foi mais um crime de ódio, consequência do machismo da sociedade brasileira, que tolera e é conivente com as desigualdades de gênero. Não podemos aceitar essa brutalidade contra as mulheres que acaba de ceifar a vida de mais uma jovem trabalhadora”, disse China.

Um dos grandes problemas na violência contra a mulher é a discriminação social e o medo. Em campanha para combater a violência contra a mulher, O SINTCOM-PR reforça que o departamento jurídico do sindicato está à disposição para que toda trabalhadora dos Correios do Paraná que se sentir ameaçada, não só fisicamente, mas que esteja num relacionamento abusivo, com violência psicológica, seja ela cometida por companheiros, familiares ou ainda por colegas de trabalho e gestores, que procure o sindicato para receber auxílio jurídico e todo o apoio necessário.

Feminicídio é o reflexo do machismo nosso de cada dia

A vida da jovem Vânia não foi um acidente trágico, foi um crime de ódio, consequência de uma sociedade machista. O feminicídio é a expressão fatal das diversas violências que podem atingir as mulheres em sociedades marcadas pela desigualdade de poder entre os gêneros masculino e feminino e por construções históricas, culturais, econômicas, políticas e sociais discriminatórias.

De acordo com o Mapa da Violência 2015, em 2013 foram registrados 13 homicídios femininos por dia, quase cinco mil no ano. A desigualdade de gênero é marcada pela o acesso desigual à oportunidades, assim como pela tolerância da sociedade de que a mulher é inferior, que pode ser subjugada e maltratada. Historicamente, no Brasil, a mulher sempre foi tratada como uma coisa que o homem podia usar, gozar e dispor.

É importante lembrar que, ao incluir no Código Penal o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio, o feminicídio foi adicionado ao rol dos crimes hediondos (Lei nº 8.072/1990), tal qual o estupro, genocídio e latrocínio, entre outros. A pena prevista para o homicídio qualificado é de reclusão de 12 a 30 anos.