Após atacar policiais, ministro diz ter compromisso 'pessoal' com Rio

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 13/11/2017

ITALO NOGUEIRA

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O ministro da Justiça, Torquato Jardim, se emocionou nesta segunda-feira (13) e exaltou sua infância no Rio de Janeiro no primeiro evento em que dividiu palanque com Luiz Fernando Pezão (PMDB), governador do Estado, após ter feito duras críticas à corrupção da polícia fluminense.

Torquato gerou uma crise entre os governos federal e do Rio no final de outubro, após declarar ao blogueiro do UOL Josias de Souza que a segurança pública do Estado não era controlada pelas autoridades e que comandantes de batalhões da polícia eram "sócios" de facções criminosas.

O caso motivou troca de acusações e a decisão de Pezão de entrar com interpelação judicial para que Torquato desse explicações ao STF (Supremo Tribunal Federal) --sob risco de ser acusado de prevaricação, por não denunciar formalmente crimes dos quais afirmava ter conhecimento, ou injúria e difamação.

Durante breve discurso no lançamento de programas sociais no Rio, Torquato ressaltou nesta segunda que é carioca e relembrou sua infância, em que circulava entre bairros das zonas sul e norte "sem ter medo de bala perdida".

"Com essa tranquilidade vocês teriam memória, memória de uma cidade que sabe viver em paz. Daí porque meu compromisso com a segurança pública é pessoal, e não abro mão desse compromisso", afirmou ele, emocionado, sem fazer uma referência direta à polêmica.

Pezão, que à época cobrou provas das acusações do ministro, não fez referência ao episódio em seu discurso. Fez apenas um discurso elogioso ao presidente Michel Temer (PMDB), presente no evento.

"O senhor tem sido um grande parceiro, um amigo do Rio de Janeiro", disse.

Temer esteve no Rio para participar do lançamento do Programa Emergencial de Ações Sociais no Estado, no Centro de Educação Física da Marinha. Com investimento previsto de R$ 157 milhões, ele inclui pacote de ações nas áreas de justiça, educação, esporte e direitos humanos, tendo como objetivo atender a 50 mil crianças e jovens.

Em seu discurso, disse que a solenidade mostra integração e "é o símbolo da paz".

COLAPSO

O Rio enfrenta uma grave crise financeira, com cortes de serviços e atrasos de salários de servidores de diversas áreas, ficando perto de um colapso na segurança pública.

Um outro efeito dessa crise tem sido a elevação dos índices de criminalidade e a redução do número de policiais em favelas ocupadas por facções criminosas. As UPPs, bases policiais em comunidades controladas pelo tráfico, perderam parte do efetivo.

Nos últimos meses, têm sido rotina mortos e feridos por bala perdida, além de motoristas obrigados a descer de seus carros nas vias públicas para se proteger dos tiros.

Outro braço dessa crise é a morte de policiais. Só neste ano já foram 119 assassinados no Estado. Ao mesmo tempo, a letalidade policial também se agravou.

A situação de insegurança também levou Temer a autorizar a utilização das Forças Armadas para fazer a segurança pública do Rio até o final do ano que vem.