Chavistas destituem governador que se recusou a aceitar Constituinte

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 26/10/2017

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um governador de oposição foi destituído no cargo nesta quinta-feira (26) após se recusar a fazer juramento ante à Assembleia Constituinte na Venezuela.

Juan Pablo Guanipa, eleito governador de Zulia no dia 15, teve o cargo cassado pela Assembleia Legislativa local, que tem maioria chavista. Uma nova eleição foi convocada para a região.

O Estado na fronteira com a Colômbia é um polo petrolífero.

Os oposicionistas não reconhecem a legitimidade da Constituinte, que foi criada por decisão do ditador Nicolás Maduro e à revelia da Assembleia Nacional

Segundo a porta-voz de Guanipa, a assembleia local fez uma "sessão secreta" para decidir sobre a destituição.

"Isso é um roubo da vontade do povo", disse ele, que classificou a manobra de "golpe".

Ele foi o único dos cinco governadores eleitos da oposição que se recusou a fazer o juramento. "Não me ajoelharei frente a uma ditadura", disse ao justificar a recusa.

A coalizão opositora MUD (Mesa da Unidade Democrática) chegou a dizer que nenhum de seus membros iria fazer o juramento, mas quatro governadores aceitaram a medida e fizeram a cerimônia na segunda (23).

Os 18 governadores chavistas eleitos também já fizeram o juramento.

Os quatro cederam após as Câmaras legislativas de seus Estados, dominadas pelos chavistas, negarem a posse porque não haviam se apresentado à Casa chavista -pela legislação vigente caberia a elas empossar os governadores.

A MUD também considera que o regime fraudou a eleição e diz ter provas das irregularidades, mas não as apresentaram até o momento. Pesquisas antes da votação davam vitória à coalizão em mais da metade dos Estados, mas o chavismo venceu em 18 dos 23.

Apesar de liderar as pesquisas, a oposição acabou sendo derrotada na maioria dos Estados na eleição regional, levantando a suspeita de que teria ocorrido fraudes, o que o governo nega.

ELEIÇÃO

Nesta quinta, a Constituinte aprovou a convocação de uma nova eleição em Zulia para a escolha do novo governador.

A presidente do órgão, Delcy Rodriguez, disse que a população do Estado foi "enganada e traída" pela atitude de Guanipa.

A Constituinte também autorizou a convocação de uma eleição para prefeitos em dezembro.

REVOLTA

Guanipa pertence ao Primeiro Justiça (centro-direita), principal sigla da MUD e um das mais ativas nos protestos contra Maduro. São seus correligionários o presidente do Legislativo, Julio Borges, e o ex-presidenciável Henrique Capriles.

A decisão dos governadores de fazer o juramento provocou a revolta da ala mais antichavista. "Nosso reconhecimento a meu companheiro de luta, Juan Pablo Guanipa, por sua posição de não se humilhar à fraude constituinte", declarou Borges.

"Em momentos como este mais admiro aqueles que jamais se ajoelham nem traem seus princípios e é quando mais detesto os traidores de seus eleitores", afirmou o comandante da campanha oposicionista, Gerardo Blyde.

"A MUD se decidiu e comunicou há tempos: não jurar perante à Constituinte. Os governadores que juraram ao cargo se afastaram", disse o vice-presidente da Assembleia Nacional, Freddy Guevara , do Vontade Popular (direita).

Afastada da coalizão por não concordar com a participação nas eleições, María Corina Machado , do Venha Venezuela (direita liberal), disse ter sentido nojo. "Garanto que o país que construiremos será diferente. Será decente."