Contra censura nas artes, ato reúne manifestantes no Vão do Masp

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 19/10/2017

ISABELLA MENON

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - "O artista é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo." Essa era a palavra de ordem entoada pelo grupo reunido pelo coletivo #342Artes no vão livre do Masp, nesta quinta (19).

Os manifestantes se reuniram para protestar contra os recentes episódios conservadores contra manifestações artísticas, como o encerramento prematuro da exposição "Queermuseu" Santander Cultural, em Porto Alegre, e as acusações de pedofilia detonadas apósuma criança interagir com artista nu na abertura do 35º Panorama da Arte Brasil, no Museu de Arte Moderna de São Paulo.

O objetivo do ato desta quinta era "esclarecer o processo de calúnia que estamos sofrendo", segundo a marchande Márcia Fortes, da Galeria Fortes Vilaça.

Dentro do museu da av. Paulista, acontecia a inauguração para convidados da exposição "Histórias da Sexualidade", que o próprio Masp classificou como não apropriada para menores de 18 anos.

"Não lido com o medo [de retaliação à mostra do Masp], lido com o amor e o respeito", explica Fortes. "A arte é importante, um povo sem arte é um povo triste."

Professor da Ebac (Escola Britânica de Arte Contemporânea) e artista plástico, Roger Bassetto disse nunca ter achado que "fôssemos precisar fazer esse tipo de manifestação".

"Arte é subjetividade e não quer dizer só uma coisa, há múltiplas interpretações", diz Bassetto. Na opinião do professor, as pessoas contrárias a essas exposições "precisam classificar tudo como 'isso é pedofilia'". Para ele, é necessário que haja tolerância.

O #342Artes surgiu após mobilização de artistas contra o cancelamento do "Queermuseu" em Porto Alegre. O número 342 remete à quantidade de deputados necessária para levar ao afastamento do atual governo de Michel Temer.